Jornal Estado de Minas

Revés judicial impede bebê britânico em estado terminal de fazer tratamento na Itália


Os pais do pequeno Alfie, um bebê britânico de 23 meses em estado terminal, sofreram nesta quarta-feira (25) um novo revés da Justiça de seu país, que negou um recurso para transferir seu filho à Itália para continuar um tratamento.


A Justiça britânica determinou que as apelações apresentadas separadamente pelo pai e pela mãe do bebê "devem ser rechaçadas", declarou o juiz Andrew McFarlane, da Alta Corte de Londres.


Com o apoio do papa Francisco e do governo italiano, o objetivo dos pais de Alfie era que lhes permitissem levar à Itália seu filho em estado semivegetativo, depois que os médicos britânicos decidiram interromper o tratamento que aplicavam nele.


Com a permissão da Justiça, o Hospital Alder Hey de Liverpool desconectou, na segunda-feira, o menino do suporte vital, pois os médios consideram que não há esperanças de recuperação, e mantê-lo vivo é prolongar seu sofrimento.


Entretanto, o apoio do papa Francisco aos pais e a oferta de um hospital de Roma, administrado pelo Vaticano, de receber o menino, que rapidamente obteve a nacionalidade italiana, impulsionou os pais Tom Evans e Kate James a apresentar mais um recurso.


"Poderia estar na Itália a essa hora", lamentou na terça-feira Tom Evans. "Eu não o abandono porque Alfie respira, não sofre".


Evans fez essas declarações depois que o juiz Anthony Hayden assegurou, em uma audiência especial em Manchester, que este caso havia chegado ao seu "capítulo final", negando o pedido da família de transferir para a Itália o bebê.


A Alta Corte de Justiça britânica, a Corte de Apelação, a Suprema Corte e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos já haviam negado o pedido dos pais.


Alfie sofre de uma rara doença neurológica degenerativa e está hospitalizado desde dezembro de 2016.


Na segunda-feira à noite, o mesmo juiz rejeitou o último pedido dos pais e autorizou os médicos a finalizarem o atendimento.


Na terça (24), o pai do bebê confirmou que os médicos haviam retirado os sistemas de suporte vital e que, no entanto, o menino estava há horas respirando sozinho.


Hayden negou a possibilidade de levar o bebê à Itália e as afirmações dos pais de que Alfie estava "significativamente melhor" desde que os médicos interromperam os cuidados.


O Hospital pediátrico Bambino Gesu (menino Jesus) de Roma, que é administrado pelo Vaticano, disse que há um avião médico militar italiano pronto para decolar a qualquer momento e trasladar o bebê.


Centenas de manifestantes se reúnem diariamente em frente ao hospital onde Alfie está sendo atendido, rezando o "Pai Nosso" e gritando "Salvem Alfie Evans".


O Real colégio de pediatria e saúde infantil emitiu, nesta terça-feira, um comunicado defendendo os médicos, assegurando que "a decisão de manter ou retirar o tratamento a um bebê não se toma sem reflexão".


O órgão colegiado lembrou que se o tratamento causa ao bebê "uma dor e um sofrimento inaceitáveis" sem possibilidade de cura, é melhor não seguir com ele.

.