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Estado de Minas

Turquia mantém preso pastor americano após início de seu julgamento


postado em 16/04/2018 17:36

Um pastor americano que está detido na Turquia há um ano e meio, acusado de atividades "terroristas", rejeitou todas as acusações nesta segunda-feira (16), no início de seu julgamento, seguido de perto pelo governo dos Estados Unidos.

Após este primeiro comparecimento em um juizado do complexo penitenciário de Aliaga, na província de Esmirna, oeste da Turquia, o tribunal decidiu manter em detenção o acusado, alegando risco de fuga.

Durante a audiência, Andrew Brunson caiu em prantos, queixando-se, especialmente, das transferências que sofreu entre diferentes presídios.

"Não fiz nada contra a Turquia. Pelo contrário, amo a Turquia, rezo por este país há 25 anos", declarou em turco Brunson, vestindo uma camisa branca e terno preto.

Estabelecido na Turquia desde 1993, o americano de 50 anos, que liderou uma igreja protestante com sua esposa em Esmirna, foi preso pelas autoridades turcas em outubro de 2016.

De acordo com a acusação, o pastor é acusado de "integrar a direção" da rede de Fethullah Gülen, homem apontado por Ancara como o cérebro do golpe de Estado frustrado de julho de 2016 contra o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Também é apontado como integrante do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

A Turquia considera essas duas organizações "terroristas".

Gülen, que vive nos Estados Unidos há 20 anos, nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe de 2016.

"Seria um insulto à minha religião. Sou cristão, não me juntaria a um movimento islâmico (a rede de Gülen)", defendeu-se Brunson, igualmente acusado de espionagem para fins políticos e militares.

"Seu direito à liberdade e à segurança foi violado. Antes de tudo, esperamos obter sua libertação", declarou seu advogado, Cem Halavurt, à AFP no domingo.

Se for considerado culpado, Brunson pode ser condenado a duas sentenças de 15 e 20 anos de prisão, segundo seu advogado.

Sua esposa, Norine Brunson, esteve presente nesta segunda no tribunal, assim como o senador americano Thom Tillis e o embaixador do Estados Unidos para Liberdade Religiosa Internacional, Sam Brownback.

- "Esperança" -

Entre as acusações contra ele, lidas na segunda-feira na corte na ata de acusação, estão encontros com supostos 'gulenistas', assim como missas a favor dos curdos e o uso do termo "Curdistão" para designar o sudeste da Turquia.

Mas Brunson alega que "não há provas concretas" de suas ligações com supostos 'gulenistas' e afirma defender a "integridade territorial da Turquia".

A prisão de Brunson é um dos principais motivos de discórdia entre os Estados Unidos e a Turquia, dois países aliados na Otan, cujas relações se deterioraram nos últimos tempos.

"Esta relação não vai melhorar enquanto Andrew Brunson continuar preso", informou Brownback à imprensa.

Todo o governo americano, inclusive o presidente Donald Trump, está mobilizado neste caso, acrescentou. "Desejamos que seja libertado", disse.

As tensões entre os dois países se devem, sobretudo, ao apoio que Washington dá a uma milícia curdo-síria considerada "terrorista" por Ancara, à detenção na Turquia de dois funcionários de missões diplomáticas americanas e ao fato de os Estados Unidos rejeitarem os pedidos de extradição de Gülen.

Em setembro, Erdogan sugeriu que seu país poderia libertar Brunson em troca de Fethullah Gülen.

"Eles (os americanos) nos dizem: 'Deem-nos o pastor'. Mas vocês também têm um religioso (Gülen). Entreguem-no e julgaremos [o pastor] e o devolveremos", declarou na ocasião.

Washington tenta obter a liberdade de Brunson, mas sempre rejeitou a possibilidade de troca.

No entanto, as autoridades americanas discretamente abandonaram as ações judiciais contra 11 agentes de segurança de Erdogan, acusados de agredirem manifestantes pró-curdos em Washington durante uma visita do presidente turco em maio de 2017.

E dois partidários do presidente turco julgados no mesmo caso serão libertados em breve, após terem sido condenados a 366 dias de prisão.

A Polícia manteve a esposa do religioso, Norine Brunson, junto com ele, as as autoridades a libertaram em dezembro de 2016.

A próxima audiência do processo será celebrada em 7 de maio.


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