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Estado de Minas

Londres se volta para antigo império para compensar o Brexit


postado em 16/04/2018 13:42

A saída das União Europeia deu um novo sentido à cúpula da Commonwealth que se inicia nesta segunda-feira (16) em Londres. O governo britânico espera renovar velhos laços comerciais e romper con sua imagem insular.

"Estarão algumas das economias de crescimento mais rápido do mundo. Para nós, será uma oportunidade de reconstruir velhas amizades", disse à BBC o ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson.

O idioma em comum, e os sistemas legais similares fazem Londres pensar nas vantagens de comercializar com a Commonwealth britânica, ou Comunidade das Nações. Mas as trocas com esses países não são elevadas a ponto de substituir as que mantêm com os vizinhos europeus.

Durante a campanha do referendo sobre a UE em junho de 2016, os partidários do Brexit usaram a carta da Commonwealth, queixando-se que os imigrantes de suas ex-colônias precisassem atravessar um processo complexo para conseguir um visto de residência do qual os europeus estão isentos, além de apostarem em um saudosismo do velho Império.

Resta saber se o entusiasmo para recuperar os velhos laços comerciais imperiais é mútuo. Assim, vários países caribenhos, por exemplo, solicitaram se reunir com Theresa May para se queixarem do tratamento recebido por seus imigrantes que chegaram há décadas legalmente no Reino Unido, não se preocuparam em regularizar sua situação e agora são vítimas da política de "entorno hostil" para os indocumentados, criada pela própria primeira-ministra quando era titular de Interior.

"Justo quando os chefes do governo da Commonwealth se reúnem em Londres, é uma desgraça que o governo trate desta maneira os imigrantes da Commonwealth", disse no Parlamento a trabalhista Diana Abott.

Soma-se à queixa dos "windrush" - como é conhecida a geração de imigrantes, devido ao nome do navio que trouxe o primeiro grupo de jamaicanos em 1948 - o fato de o Reino Unido ter perdido o interesse na região em 1973, quando se juntou à Comunidade Econômica Europeia, reduzindo intercâmbios comerciais com as ex-colônias e causando prejuízos graves em alguns casos.

- Rainha Elizabeth II, protagonista -

A reunião bienal dos 53 Estados-membro será celebrada em Londres até sexta-feira. Os destaques ficaram para os dois últimos dias, com a presença dos primeiros-ministros indiano Narendra Modi e canadense Justin Trudeau, entre outros.

Na última vez em que o Reino Unido recebeu uma cúpula da Commonwealth foi em 1997. A rainha Elizabeth II, que encabeça a organização, presidirá nesta quinta-feira um jantar para os chefes de governo no palácio de Buckingham e nesta sexta-feira nos receberá de novo, no castelo de Windsor.

Os líderes da Commonwealth decidirão nesta semana quem deveria substituir a rainha, de 91 anos, à frente da organização.

Elizabeth II presidiu simbolicamente o grupo de nações desde a morte, em 1952, de seu pai, o rei Jorge VI, embora o posto não seja hereditário.

A organização, de caráter voluntário, surgiu para manter os laços históricos entre a metrópole e suas antigas colônias e até agora tinha se concentrado sobretudo em promover o desenvolvimento e a democracia, mas agora começa a se voltar para o comércio.

O comércio interior na Commonwealth aumentará 17% - até os 700 bilhões de dólares - até 2020, segundo um relatório recente da organização.

Enquanto membro da UE, o Reino Unido não pode negociar acordos de livre-comércio.

- Commonwealth não salvará Reino Unido, diz Economist -

O veredito da revista The Economist sobre esta aproximação não é muito positivo: a Commonwealth "não salvará o Reino Unido do Brexit", escreveu neste sábado, classificando sua ideia como "ilusão".

Assim, há 15 países - nove deles na UE - com os quais o Reino Unido tem laços comerciais maiores em bens e serviços que com seus maiores parceiros da Commonwealth, que são Canadá e Índia.

Ao todo, a UE representa metade do comércio britânico, e a Commonwealth apenas um décimo.

Philip Murphy, diretor do Instituto de Estudos da Commonwealth, foi sucinto em um artigo no The Guardian: "Sinto muito, defensores do Brexit, apostar na Commonwealth é uma piada".

"A ideia de que pode se tornar relevante quando o Reino Unido abandonar a UE é uma bobagem", afirmou.


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