Iniciado em 15 de março de 2011, o conflito na Síria se tornou cada vez mais complexo e internacional com a entrada de grupos extremistas e potências regionais e internacionais.
A guerra já deixou mais de 350.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na sexta-feira uma operação militar conjunta com a França e o Reino Unido contra diversos alvos na Síria, uma medida para punir o regime de Bashar al-Assad, acusado pelas potências ocidentais por um ataque com armas químicas contra civis em 7 de abril na localidade de Duma, perto de Damasco.
O regime sírio, que nega ter executado um ataque químico, denunciou "a agressão norte-americano-franco-britânica, que na opinião de Damasco está "destinada ao fracasso".
Saiba quem são os principais atores do conflito:
Regime e aliados
O exército, que contava com 300.000 homens em suas unidades em 2011, viu seus efetivos caírem pela metade.
É apoiado por 200.000 membros de forças auxiliares, incluindo as Forças de Defesa Nacional. A eles, soma-se combatentes do Hezbollah xiita libanês (entre 5.000 e 8.000 homens) e os combatentes iranianos, iraquianos e afegãos.
Aliado de peso do regime de Bashar al-Assad, a Rússia intervém na Síria desde setembro de 2015. Seus ataques aéreos permitiram que as forças do regime retomassem importantes localidades, como a cidade de Aleppo e a área insurgente de Ghuta Oriental, nas proximidades de Damasco.
O Irã, o principal aliado regional, enviou milhares de combatentes e fornece ajuda econômica.
As forças leais a Assad controlam 56% do território, principalmente as grandes cidades (Damasco, Homs, Hama e Aleppo), segundo o geógrafo francês Fabrice Balanche. Quase 70% dos 17 milhões de habitantes vivem neste território.
Rebeldes
No início do conflito, os rebeldes se uniram sob a bandeira do Exército Sírio Livre (ESL), deixando progressivamente espaço a uma miríade de facções. Após seguidas derrotas, não têm mais grande peso.
A oposição armada, que acaba de perder seu último reduto nas proximidades de Damasco, Ghuta Oriental, controla apenas 12% do país atualmente, segundo Balanche.
Este número reúne os territórios dominados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham, organização jihadista controlada pelo ex-braço sírio da Al-Qaeda implantada na província de Idlib.
Menos de 15% da população vive nestes territórios.
Jihadistas
As duas principais forças jihadistas rivais são o grupo Estado Islâmico (EI) e o grupo Hayat Tahrir al Sham.
- O EI conquistou vastas áreas do território sírio desde a sua intervenção em 2013 no conflito e proclamou em 2014 um "califado" sobre os vastos territórios conquistados na Síria e no vizinho Iraque, hoje desmoronado.
Submetido a uma campanha de ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e a ofensivas em várias frentes - do regime e de uma aliança curdo-árabe -, o EI agora controla apenas 5% do território sírio, contra 33% em seu melhor momento.
- Hayat Tahrir al-Sham continua controlando a maior parte da província de Idlib, atualmente cenário de lutas entre rebeldes e jihadistas.
Curdos
Reprimidos por décadas, os curdos aproveitaram a retirada do exército sírio de suas regiões para estabelecer uma administração local no norte do país.
Em 2016, estabeleceram uma região "federal" nos territórios sob seu controle e organizaram suas primeiras eleições em setembro.
As YPG (Unidades de Proteção do Povo Curdo), sua principal milícia armada, formam o núcleo das Forças Democráticas Sírias (FDS) - também compostas por combatentes árabes - apoiadas pela coalizão internacional anti-jihadista liderada por Washington.
Eles controlam 28% do território, onde vivem quase 15% da população.
Desde janeiro, a milícia enfrenta uma ofensiva da Turquia, que já reconquistou o território de Afrin, ao noroeste, e que ameaça prosseguir com seu avanço para outros territórios do leste.
Turquia, Arábia Saudita, Catar
Desde o início da revolta contra Bashar al-Assad, membro da minoria religiosa alauita, a Turquia, a Arábia Saudita e o Catar forneceram apoio à rebelião majoritariamente sunita.
Hoje, Riad e Doha foram marginalizados e Ancara formou uma aliança sem precedentes com Moscou.
Na frente militar, a Turquia apoia os rebeldes anti-jihadistas e enfrenta os combatentes curdos no norte da Síria.
Coalizão internacional
Liderada pelos Estados Unidos, compreende mais de 60 países e conduz ataques aéreos contra o EI, em apoio às tropas terrestres.
Com o fim das grandes batalhas contra o EI, os ataques aéreos perderam intensidade.
Quase 2.000 soldados americanos estão mobilizados no norte da Síria, essencialmente como forças especiais para lutar contra o EI e treinar as forças locais nas zonas recuperadas dos jihadistas.