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Estado de Minas

Mudanças no clima afetam correntes no Atlântico


postado em 11/04/2018 19:54

A circulação de correntes oceânicas no Atlântico, que contribui para a regulação do clima mundial, está em seu nível mais frágil em 1.600 anos, em parte devido às mudanças climáticas, alertaram cientistas nesta quarta-feira (11).

Dois estudos publicados na revista Nature confirmam a antiga hipótese de um enfraquecimento deste sistema de correntes, conhecido como Circulação Meridiana do Atlântico Norte (AMOC, na sigla em inglês).

Este enfraquecimento de correntes é fruto do derretimento do gelo marinho, das geleiras e das plataformas de gelo que liberam água doce, menos densa que a salgada, no Atlântico Norte.

"A água doce debilita a AMOC porque impede que as águas estejam bastante densas para afundar", explicou David Thornalley, da University College London, coautor de um dos estudos.

Esta circulação permanente das águas marinhas consiste em uma movimentação das águas quentes das zonas tropicais do Atlântico para o Norte, graças à corrente do Golfo, aquecendo a Europa Ocidental em sua passagem. Quando chegam ao Atlântico Norte, estas águas esfriam, tornando-se mais densas e mais pesadas e afundando sob águas mais quentes antes de retornar para o sul.

"Se o sistema continuar debilitando-se, poderia perturbar as condições meteorológicas dos Estados Unidos e Europa até o Sahel e provocar uma elevação mais rápida do nível dos mares na costa leste dos Estados Unidos", alerta a Instituição Oceanográfica Woods Hole, que participou dos estudos.

Estas correntes marinhas transportam de uma região a outra nutrientes, oxigênio, larvas de coral ou peixes, e permitem que os oceanos absorvam e armazenem dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, causador do aquecimento global.

No primeiro estudo, David Thornalley e sua equipe analisaram os grãos de areia depositados pelas correntes no fundo do mar com a passagem do tempo. Quanto mais grossos foram os grãos encontrados nos sedimentos, mais fortes deviam ser as correntes que as transportaram.

Os resultados revelam que a AMOC ficou relativamente estável entre os anos 400 e 1850 e começou a perder força no começo da era industrial.

O segundo estudo se concentrou nas temperaturas da superfície do oceano e concluiu que a AMOC diminuiu em cerca de 15% nos últimos 50 anos, provavelmente por culpa das mudanças climáticas provocadas pelas atividades humanas.

Embora seja difícil saber com certeza o papel desempenhado pelo aquecimento global, "o fato de a AMOC (...) ter se debilitado durante o século XX, com um declínio importante mais ou menos a partir de 1950, está muito provavelmente vinculado a fatores humanos", avalia David Thornalley.

- Consequências para a pesca -

Os estudos não dizem se este sistema de correntes vai continuar perdendo força.

Se for assim, as consequências poderiam ser mais tempestades no inverno europeu ou um deslocamento para o sul do cinturão de chuvas tropicais.

Segundo o fundo de pesquisas europeu ATLAS, que também participou dos estudos, a pesca comercial poderia ser afetada por mudanças na posição e na profundidade das correntes oceânicas e algumas regiões careceriam de águas ricas em oxigênio.

"Um enfraquecimento da AMOC também pode provocar aumentos e quedas nas temperaturas em vários graus, afetando certas espécies de peixes importantes [para o ser humano] e a quantidade de plâncton, de peixes, de aves e de baleias", adverte o ATLAS em um comunicado.

Além disso, se as correntes marinhas continuarem perdendo força, isto significaria "deixar mais dióxido de carbono na atmosfera, onde contribui para o aquecimento global", acrescenta Thornalley.

Estes resultados apontam que os modelos usados para estudar possíveis cenários provocados pelas mudanças climáticas talvez tenham subestimado o papel de uma AMOC debilitada, segundo os autores dos trabalhos publicados nesta quarta-feira.


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