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Estado de Minas

Kuczynski renuncia à Presidência do Peru


postado em 21/03/2018 22:12

Pedro Pablo Kuczynski renunciou nesta quarta-feira (21) à Presidência do Peru, um dia antes de o Congresso votar um moção para destituí-lo por seus supostos vínculos com a construtora Odebrecht.

A saída de Kuczynski gera incerteza no país que será anfitrião, em abril, da Cúpula das Américas, à qual o presidente americano, Donald Trump, e cerca de trinta chefes de Estado comparecerão.

"Frente a essa difícil situação que se gerou (...) acho que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da República", disse Kuczynski diante das câmeras às 14h40 local (16h40 em Brasília), acompanhado dos membros de seu gabinete.

"Eu não quero ser um obstáculo para que nossa Nação encontre o caminho da união e da harmonia que tanto precisa".

Os líderes do Congresso peruano decidiram debater a renúncia do presidente na quinta-feira e, caso seja aceita, votá-la na sexta, informou o chefe do Legislativo, o opositor Luis Galarreta.

"A junta de porta-vozes (das bancadas) acordaram por unanimidade convocar às 16H00 (horário local de quinta, 18h00 horário de Brasília) os parlamentares para iniciar o debate sobre o pedido de renúncia ao cargo do presidente da república do senhor Kuczynski", disse Galarreta em entrevista coletiva, acrescentando que a aceitação "da renúncia do presidente será votada na sexta-feira".

A construtora brasileira confessou que pagou a políticos e empresários latino-americanos milhões de dólares em subornos para garantir contratos de obras públicas.

A pressão contra Kuczynski cresceu nas últimas horas, após a divulgação de um vídeo envolvendo um primeiro pedido de impeachment.

Na imagem aparece Kenji Fujimori tentando convencer outros parlamentares para que apoiem Kuczynski em troca de obras públicas em seus distritos.

O apoio de Kenji custou o indulto a seu pai Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpria 25 anos de prisão por corrupção crimes contra a humanidade, e desatou uma guerra pelo controle do partido Força Popular, liderado por sua irmã Keiko.

Kenji e outros nove deputados que o apoiaram foram expulsos do partido maioritário no Congresso.

- A maldição Odebrecht -

As mentiras do presidente sobre seus supostos vínculos com a Odebrecht quando era ministro da Economia no governo de Alejandro Toledo - sobre o qual pesa também uma ordem de extradição por ter recebido 20 milhões de dólares da construtora - determinaram sua derrota política.

A Odebrecht revelou ter pago cerca de cinco milhões de dólares por assessorias a empresas ligadas a Kuczynski quando ele era ministro, o que o presidente sempre negou.

A construtora admitiu ter feito contribuições de campanha em 2006 e 2011 aos últimos quatro ocupantes da presidência peruana, incluindo Kuczynski, e a Keiko Fujimori.

Para analistas, Kuczynski não tinha nenhuma chance de se livrar do impeachment que seria votado nesta quinta-feira.

Uma pesquisa da empresa Ipsos revelou na semana passada que 58% dos peruanos eram favoráveis ao impeachment de Kuczynski, contra 37% que desejavam sua permanência no cargo até 2021.

- Vice-presidente deve substituí-lo -

Kuczynski deve ser substituído pelo primeiro vice-presidente e atual embaixador no Canadá, o engenheiro Martín Vizcarra, que completará o atual período de governo, até julho de 2021.

Entretanto, se nenhum dos dois vice-presidentes aceitar o cargo, o presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, assumirá a presidência.

Com Galarreta na presidência, teriam que ser convocadas novas eleições, cenário que nenhum partido deseja neste momento de desprestígio dos políticos pelos escândalos da Odebrecht.

A incerteza política está erodindo a economia peruana.

"Estamos vivendo um panorama complicado porque a economia está sentindo o impacto da instabilidade política ligada ao presidente", disse à AFP o economista Jorge González Izquierdo, que explicou que a economia nacional está crescendo nos últimos meses abaixo das previsões.

- Festa na Venezuela -

A queda de Kuczynski foi celebrada abertamente por membros do governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cuja presença na Cúpula das Américas, em Lima, foi vetada pelo então líder peruano.

"Começa a recomposição moral da América Latina com a renúncia do fiel representante yankee e aliado submisso" do presidente americano, Donald Trump, escreveu Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia Constituinte.

"Este nefasto personagem (...) passará ao lixo da história. Viva o Peru!" - acrescentou Rodríguez.

"Eu disse que quem não estaria nesta bendita Cúpula (das Américas) seria Kuczynski", recordou o poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.

Número dois do chavismo, Cabello iniciou seu programa semanal no canal estatal VTV com uma orquestra de merengue tocando "Yo no me iré" (Não vou embora).

"Há outros que queriam nossa partida e agora já não podem cantar esta música", disse Cabello entre risadas.


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