Jornal Estado de Minas

Naufrágio de barco com imigrantes deixa 16 mortos no Egeu

Um naufrágio nas águas gregas deixou pelo menos 16 mortos neste sábado, incluindo seis crianças, na véspera do segundo aniversário de um acordo UE-Turquia para impedir a chegada imigrantes a partir da costa turca.

Este é o pior saldo registrado em um naufrágio de imigrantes na área desde a assinatura do acordo, em março de 2016.

Com base nos testemunhos dos únicos três sobreviventes - duas mulheres e um homem - que nadaram até a ilha grega de Agathonisi, a polícia portuária estima que ainda há duas ou três pessoas desaparecidas.

Em outro incidente, dois imigrantes morreram neste sábado perto da fronteira terrestre com a Turquia, quando o caminhão em que estavam viajando tombou quando tentava escapar de um controle rodoviário, informou a polícia local.

No mar, as buscas continuam. O número de mortos aumentou à medida que as operações avançavam: após a descoberta dos primeiros corpos - uma mulher, um homem e quatro crianças - os socorristas recuperaram mais dez corpos durante a tarde.

De acordo com a imprensa local, entre as vítimas há seis crianças de nacionalidade desconhecida.

Localizadas em frente à costa turca, as ilhas gregas do sudeste do Mar Egeu tornaram-se em 2015 a principal porta de entrada na Europa de pessoas, principalmente sírias, fugindo das guerras e da miséria.

O acordo entre a UE e Ancara reduziu o fluxo migratório entre a Turquia e as ilhas gregas, embora centenas de pessoas continuem a chegar a cada mês.

Mais de mil imigrantes, incluindo muitas crianças, morreram no Egeu entre 2015 e 2016.

"Não podemos, nem devemos nos acostumar com essas pessoas, crianças, mortas no Mar Egeu", declarou neste sábado o ministro grego da Política de Imigração, Dimitris Vitsas.

A solução é "a abertura de rotas e procedimentos seguros para refugiados e migrantes e para a luta contra o tráfico", acrescentou.

Neste sábado à tarde, uma manifestação estava programada em Atenas para protestar contra o acordo UE-Turquia e a favor de uma melhor recepção europeia dos imigrantes.

As organizações humanitárias denunciam o pacto com Ancara porque ele prevê o retorno à Turquia de todos os que chegam nas costas gregas, incluindo os refugiados sírios.

Mas o governo grego o defende ferozmente. Atenas afirma querer evitar a retomada do êxodo dos anos 2015 e 2016, considerado potencialmente desestabilizador.

Na ausência de acordo dentro da UE para aliviar a Grécia e a Itália de uma parte dos imigrantes que chegaram até à data nas suas costas, os refugiados - atualmente mais de 13.000 - estão confinados nas ilhas de Samos, Lesbos ou Chios.

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