Estados Unidos e China concordaram nesta sexta-feira (9) em manter as pressões sobre a Coreia do Norte para que reunião entre Donald Trump e Kim Jong Un seja realizada enquanto são dados passos concretos até a desnuclearização da península coreana.
Trump e o presidente da China, Xi Jinping, mantiveram nesta sexta uma conversa por telefone para abordar o anúncio da reunião com o líder norte-coreano, que poderia ocorrer no fim de maio.
Em um tuíte no início da noite, Trump avaliou que um possível futuro acordo com Pyongyang "está realmente sendo preparado e seria, caso concretizado, algo muito bom para o mundo". "Data e local a determinar".
Segundo a Casa Branca, nessa ligação, "os dois líderes saudaram a perspectiva de um diálogo entre Estados Unidos e Coreia do Norte, e se comprometeram a manter a pressão e as sanções" até que o governo de Pyongyang avance para uma eliminação "completa, verificável e irreversível" de suas armas nucleares.
No entanto, a Casa Branca acabou enviando sinais contraditórios.
A porta-voz da Presidência, Sarah Sanders, disse nesta sexta-feira que a Coreia do Norte já havia feito promessas anteriormente, e sugeriu que a realização da reunião estaria condicionada a passos prévios por parte de Pyongyang.
"Não vamos fazer a reunião até que vejamos ações concretas que se complementem com a retórica da Coreia do Norte", declarou Sanders.
- Espera por 'medidas concretas' -
A confusa declaração provocou momentos de dúvida na Casa Branca, onde funcionários se encarregaram de assegurar à imprensa que não houve uma mudança na postura do presidente.
Até o momento não houve reações oficiais por parte do governo da Coreia do Norte.
Entretanto, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, comentou que o anúncio da reunião foi "como um milagre".
Na manhã desta sexta-feira, o vice-presidente americano, Mike Pence, havia emitido uma nota oficial na qual assegurou que a estratégia americana de sanções, ameaças e "pressão máxima" abriram a porta à oferta de Kim para dialogar.
De acordo com Pence, "os norte-coreanos vêm à mesa apesar dos Estados Unidos não terem feito nenhuma concessão".
Por isso, acrescentou o funcionário, a "campanha de pressão máxima continuará até que a Coreia do Norte tome medidas concretas, permanentes e verificáveis para acabar com seu programa nuclear".
- Apoio cauteloso -
Esta posição é compartilhada por um dos principais aliados asiáticos de Washington, o governo do Japão, que também defendeu que se mantenha a política de pressão sobre Pyongyang.
Em uma mensagem pela televisão, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que apreciava "enormemente" a mudança de retórica por parte da Coreia do Norte em relação à eliminação das armas nucleares, mas manteve a cautela.
"Não há mudanças na política para Japão e Estados Unidos", afirmou. "Vamos continuar exercendo uma pressão máxima até que a Coreia do Norte tome ações concretas até uma 'desnuclearização' perfeita, verificável e irreversível", disse.
Para a Casa Branca, a campanha de "pressão máxima" também inclui insistir com a China, aliada da Coreia do Norte, para que assuma um papel mais ativo a fim de convencer Pyongyang a abandonar seu programa de armas nucleares.
O presidente chinês, Xi Jinping, já expressou sua confiança de que "Estados Unidos e Coreia do Norte entrem em contato e dialoguem o quanto antes".
Em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou a "liderança e visão" mostrada por Trump e Kim em avançar até um encontro.
Guterres "se sente alentado pelo anúncio de uma concordância" para realizar a reunião e "elogia a liderança e a visão de todos os interessados", declarou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.
Para a Rússia, a reunião é "um passo em uma boa direção" e "necessária para normalizar a situação", afirmou seu chanceler, Sergei Lavrov, que também expressou satisfação pelo encontro que será mantido pelos dirigentes das duas Coreias no final de abril.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), por sua vez, expressou sua esperança de que o esforço por uma reunião permita "progressos concretos na questão nuclear norte-coreana".
Enquanto isso, a União Europeia (UE) considerou "que a disposição" de Trump em aceitar o convite de Kim é "um acontecimento positivo", enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, avaliou que oferece "uma luz de esperança".
Não obstante, o espetacular anúncio do encontro entre Trump e Kim pareceu pegar de surpresa o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, que está em uma viagem pela África.
Durante uma visita a Dijbuti, Tillerson disse nesta sexta-feira que a abertura mostrada por Kim foi "um pouco surpreendente para nós", depois de um ano de agressiva retórica e tensões militares.
Na véspera, poucas horas antes do anúncio sobre a reunião, Tillerson estava na Etiópia, e durante coletiva de imprensa opinou que a ideia de "negociações" diretas entre Washington e Pyongyang ainda estava longe.