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Estado de Minas

Maduro rumo à reeleição e Parlamento governista em eleições sem oposição


postado em 21/02/2018 20:54

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu que as eleições presidenciais serão em 22 de abril, ainda que a oposição não participe, e elevou seu desafio ao pedir o adiantamento das parlamentares para o mesmo dia.

"Vamos ter eleições chova, troveje ou relampeje, com a MUD (Mesa da Unidade Democrática) ou sem a MUD", desafiou Maduro, pouco depois dessa coalizão opositora anunciar que ficará de fora da votação porque é uma "fraude" para dar "aparência de legitimidade" ao governo.

O presidente assegurou que pedirá à governista Assembleia Constituinte, que comanda o país com faculdades absolutas, para "adiantar as eleições para renovar o Parlamento", único poder controlado pela oposição.

"Que tenhamos eleições poderosas", lançou Maduro, ao qualificar de "necessária e ajusta" a ideia revelada de surpresa na terça-feira pelo poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.

Pouco antes, em um comunicado lido por seu coordenador, Ángel Oropeza, para a imprensa, a MUD disse não "avalizar o que até agora apenas é um simulacro fraudulento e ilegítimo de eleição presidencial".

"Este evento prematuro e sem condições (...) é apenas um show do próprio governo para aparentar uma legitimidade que não tem, em meio à agonia e ao sofrimento dos venezuelanos", destacou.

Não obstante, a MUD deixou aberta a porta que participará se o governo oferecer garantias de um processo livre e transparente, como pediram no diálogo na República Dominicana, que fracassou em 7 de fevereiro.

Sem um rival de peso, Maduro parece assegurar a reeleição apesar de seu governo ser reprovado por 75% dos venezuelanos, de acordo com pesquisas, devido ao colapso econômico sofrido pelo país com as maiores reservas de petróleo do mundo.

"Talvez Maduro esteja em seu momento mais fraco, mas sua força é a fraqueza, as falhas, a falta de união e de coerência da oposição. É o que lhe dá oxigênio", comentou com a AFP Félix Seijas, diretor da empresa de pesquisa Delphos.

- O 'golpe de misericórdia' -

As presidenciais deveriam ser realizadas em dezembro e foram adiantadas pela Constituinte. Agora, o governo vai para o xeque-mate com a antecipação das legislativas, marcadas para 2020.

A presidente da Constituinte, Delcy Rodríguez, disse ter recebido a proposta de Maduro. "O presidente pode contar com o compromisso da @ANC_ve para fortalecer a democracia do país", tuitou.

Seijas opinou que a "aposta de Maduro é fazer desaparecer a oposição, dar-lhe um golpe de misericórdia". Mas, acrescentou, "o problema se agravará com a comunidade internacional", pois é de se esperar que a antecipação das parlamentares não seja bem recebida.

O adiantamento das eleições presidenciais foi rejeitado pelos 14 países do Grupo de Lima - incluindo Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru - e pelos Estados Unidos, citando a falta de garantias eleitorais.

"A opção menos custosa para a oposição, mas que também é terrível, é não participar, porque participando, a comunidade internacional irá assinalá-la", lançou Seijas.

De acordo com o governo, a MUD não participa das eleições por ordem dos Estados Unidos, que, na sua opinião, busca derrubar Maduro mediante um golpe de Estado e uma invasão militar.

"Diante as agressões e a conduta errática da MUD, mais eleições (...). Senão vão participar de eleições, para onde vão? Para a guerra, para um golpe de Estado", questionou o presidente.

Maduro, herdeiro falecido líder socialista Hugo Chávez, havia advertido que iria tentar se reeleger com ou sem adversários. No momento, só tem dois de pouco peso: o pastor evangélico Javier Bertucci e o opositor Claudio Fermín, que não está na MUD.

- Frente contra frente -

Em crise de credibilidade e com seus principais líderes - Leopoldo López e Henrique Capriles - inabilitados politicamente, a MUD debateu por duas semanas sua decisão sob pressão, pois alguns países adiantaram que desconhecerão os resultados das eleições.

Alguns opositores têm aspirações presidenciais, como o ex-chefe parlamentar Henry Ramos Allup e o dissidente do chavismo Henri Falcón, que parece disposto a inscrever sua candidatura com seu partido minoritário. Nenhum dos dois participou da coletiva de imprensa.

"A MUD está virtualmente liquidada. É preferível que desconheçam sua vitória a perder por não participar", disse à AFP o cientista político Luis Salamanca, ao assinalar que a oposição sofrerá "um grande descrédito".

A MUD assegurou que convocará uma "grande frente ampla" com forças sociais e políticas para"alcançar "eleições limpas e competitivas", ao que Maduro respondeu anunciando a criação de uma "frente ampla" socialista e anti-imperialista.

"Se a MUD não tiver um plano, se nos próximos dois meses fracassar em articular a reativação da sociedade civil... vai desaparecer", opinou Seijas.


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