A oposição venezuelana, afetada por divisões e derrotas eleitorais, decidiu não participar das eleições presidenciais de 22 de abril, no último episódio da longa crise no país petroleiro.
Confirma os momentos-chave da disputa política.
- 2013: Presidência impugnada -
O líder socialista Hugo Chávez, presidente desde 1999 e fundador da "revolução bolivariana", morre de câncer em 5 de março de 2013.
Nicolás Maduro, ungido por Chávez como seu substituto, ganha as presidenciais em 14 de abril com 50,62% dos votos, apenas 1,5 ponto acima do opositor Henrique Capriles, que contestou a apuração.
- 2014: O primeiro desafio -
Em 2014, liderada por Leopoldo López, a oposição realiza manifestações para exigir a saída de Maduro, com um balanço de 43 mortos.
López é detido em fevereiro desse ano e condenado em 2015 a quase 14 anos de prisão, acusado de incitar a violência nos protestos. Em agosto de 2017, ficou sob prisão domiciliar.
Os preços do petróleo, que geram 96% das divisas, caíram a menos da metade, agravando uma forte escassez de alimentos e remédios.
- 2015: A maior derrota do chavismo -
Em fevereiro de 2015, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusado de conspirar contra o governo, é preso. Pouco depois passa à prisão domiciliar e em 2017 foge para a Espanha.
Em março, Washington impõe as primeiras sanções contra funcionários do governo venezuelanos, que acusa de violar os direitos humanos.
Em dezembro, em meio ao agravamento da crise, a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) inflige ao chavismo a maior derrota eleitoral de sua história, ao ganhar a maioria qualificada do Parlamento.
- 2016: Um referendo frustrado -
Após a oposição assumir seu controle em janeiro, o Legislativo foi declarado em desacato e suas decisões foram anuladas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).
Durante quase todo 2016, a oposição tentou revogar o mandato de Maduro - de seis anos - através de um referendo, e organizou manifestações para exigir isso.
Mas o poder eleitoral e a justiça - acusados pela oposição de servir a Maduro - o frearam, alegando fraude na coleta de assinaturas para solicitá-lo.
- 2017: Protestos e Constituinte -
Em março, o TSJ se atribui faculdades do Parlamento e em 1º de abril começam os protestos que duraram quatro meses e deixaram 125 mortos. A procuradora-geral, Luisa Ortega, denunciou uma ruptura da ordem constitucional. Meses depois, abandonou o país denunciando "perseguição".
O governo conseguiu a eleição de uma Assembleia Constituinte de plenos poderes em 30 de julho, pondo fim aos protestos.
Integrado só por governistas, esse órgão, não reconhecido por parte da comunidade internacional, substituiu na prática o Parlamento.
Os Estados Unidos aprovam sanções econômicas contra a Venezuela e a petroleira estatal PDVSA, declarados depois em moratória parcial.
O chavismo vence nas eleições de governadores de outubro e nas municipais de dezembro. A oposição denunciou que foram fraudulentas.
- 2018: Eleições antecipadas -
Em janeiro, a Constituinte convocou eleições presidenciais adiantadas para antes de 30 de abril, ante uma oposição dividida e debilitada.
Uma semana depois, Maduro é proclamado candidato do governo.
As negociações entre a oposição e o governo sobre garantias eleitorais fracassam e o poder eleitoral fixa as eleições para 22 de abril.
A MUD se coloca à margem das eleições, neste 21 de fevereiro, alegando que são "fraudulentas" e buscam dar "aparência de legitimidade" ao governo.
Maduro adverte que buscará a reeleição mesmo que sem oponentes e pediu à Constituinte o adiantamento das parlamentares para 22 de abril.
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