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Estado de Minas

Espanha se prepara para voltar à cúpula do Banco Central Europeu


postado em 19/02/2018 18:30

O ministro espanhol Luis de Guindos tornou-se, nesta segunda-feira (19), o único candidato à vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE), após a saída de última hora de seu rival irlandês, abrindo caminho para a Espanha voltar à cúpula do instituto emissor.

O atual governador do Banco Central da Irlanda, Philip Lane, era o único adversário no caminho do arquiteto dos planos de austeridade aplicados na Espanha após o resgate europeu do setor bancário, em 2012. Contudo, a Irlanda deixou a disputa nos últimos momentos.

"O Eurogrupo respaldou Luis de Guindos para a próxima vaga de vice-presidente do BCE", anunciou em coletiva de imprensa Mário Centeno, presidente do grupo que reúne ministros de Finanças do euro, encarregado de endossar um candidato ao posto.

O Conselho de Assuntos Financeiros (Ecofin) deve transformar, nesta terça-feira, o aval em uma proposta formal ao mandatários europeus, que vão finalmente nomear o sucessor do português Vítor Constâncio em uma cúpula em 22 e 23 de março.

A Espanha, quarta maior economia da zona do euro, se encaminha, assim, para voltar ao alto escalão do poder de decisão do instituição emissora com sede em Frankfurt, Alemanha, de onde saiu em 2012.

- Independência? -

"A Espanha recuperou muito o prestígio nos entornos comunitários, e esse é um ponto importante, o BCE é a instituição mais importante dentro da União Monetária Europeia", comemorou De Guindos em coletiva de imprensa, após o aval de seus pares.

De Guindos protagonizou o "milagre da recuperação econômica" da Espanha, disse, antes de saber da saída do irlandês, a ministra espanhola de Agricultura, Isabel García Tejerina, para quem isso lhe habilita a qualquer cargo de responsabilidade "a nível europeu".

A chegada do economista nascido em Madri em 1960 à instituição gera polêmica sobre o impacto em sua independência a entrada de um político, num importante momento de renovação, inclusive de seu chefe, Mario Draghi, no ano que vem.

Embora sua opinião seja apenas consultiva, a comissão da Economia da Eurocâmara considerou "mais convincente" a audiência informal a portas fechadas de Lane, governador do Banco Central da Irlanda, frente à do político espanhol.

Ministro mais velho do Eurogrupo, De Guindos reiterou nesta segunda a defesa da independência do BCE, algo garantido "do ponto de vista institucional, do ponto de vista operacional (...) pelos estatutos e pelo mandato do BCE".

- Do norte -

A designação da vice-presidência abre um período de renovação de postos-chave no BCE. Com a escolha do espanhol, as portas para um presidente do norte ficam abertas, segundo analistas.

"Se for De Guindos, isso que dizer que alguém do norte será nomeado para ficar à frente do BCE", opinou Philippe Waechter, diretor de pesquisa econômica na Natixis, que considerou "obscuro e opaco" o processo de seleção do presidente da instituição.

Entre os possíveis sucessores de Draghi, estão governadores de bancos centrais das principais economias da zona do euro, como o alemão Jens Weidmann e o francês François Villeroy de Galhau.

A Eurocâmara deve manter sua pressão para encontrar um equilíbrio de gênero - especialmente quando a única mulher entre os seis membros da diretoria é a alemã Sabine Lautenschläger.

Em 2012, os deputados europeus rechaçaram a candidatura do luxemburguês Yves Mersch, que acabou vencendo o espanhol Antonio Sáinz de Vicuña na disputa por uma vaga no comitê-executivo do BCE. Sua nomeação significou a saída da Espanha dos integrantes da cúpula.


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