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Estado de Minas

Netanyahu ameaça retaliar Irã se atacar partindo da Síria


postado em 18/02/2018 20:12

De forma bastante teatral, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou os "tiranos de Teerã", neste domingo (18), com violentas represálias, caso este governo use a Síria como plataforma de agressão, uma semana depois da primeira confrontação aberta entre ambos os países.

"Não ponham a determinação de Israel à prova!", advertiu Netanyahu na Conferência sobre Segurança que acontece em Munique, na Alemanha, dirigindo-se ao ministro iraniano das Relações Exteriores, Javad Zarif.

"Aqui tem um pedaço de drone iraniano! Senhor Zarif, você o reconhece? Tinha de reconhecer, é seu!", insistiu, diante do chanceler iraniano, exibindo o que seria - segundo ele - um fragmento de "drone" procedente da Síria e abatido na semana passada, quando sobrevoava o território israelense.

Após a intervenção de Netanyahu, ao tomar a palavra diante do mesmo auditório, Zarif respondeu.

"Vocês foram espectadores de um circo caricato esta manhã, que não merece nem a dignidade de uma resposta", afirmou, acusando Israel de "uma política de agressão, de represálias em massa contra seus vizinhos" e "de incursões diárias na Síria (...) e de bombardear diariamente, de maneira rotineira, a Síria".

O premiê está acostumado com esse tipo de pronunciamento. Em 2012, na tribuna da ONU, seu discurso foi marcado pela apresentação de um desenho simplista de uma bomba prestes a explodir para denunciar o programa nuclear iraniano.

Israel afirma ter abatido o aparelho sem piloto quando sobrevoava seu território. Em represália, a Força Aérea destruiu a base na Síria, de onde, supostamente, o "drone" teria decolado". Durante a operação, porém, um F-16 israelense foi atingido, algo que não acontecia desde 1982, deflagrando ataques aéreos contra alvos sírios e iranianos na Síria.

A primeira confrontação declarada entre Israel e Irã em território sírio deixa entrever uma escalada do conflito, ainda que, até o momento, ambos os lados tenham-se mostrado dispostos a evitar uma guerra aberta.

Diante da escalada verbal, o representante parlamentar russo Alexei Pushkov questionou, depois da intervenção de Netanyahu: "Bombardeiam o Irã e, depois, fazem o quê? O que acontece depois?".

"A questão iraniana precisa ser tratada com responsabilidade", frisou.

- 'Semelhanças com nazistas' -

O primeiro-ministro aproveitou o espaço para acusar o Irã, mais uma vez, de continuar desenvolvendo armamento nuclear, apesar do acordo internacional que pôs fim ao programa.

Ameaçando forças pró-iranianas, como o Hezbollah, no Líbano, Netanyahu alertou que "Israel não deixará que o regime do Irã ponha um corda de terrorismo no nosso pescoço" e garantiu que, "em pouco mais de uma década", Teerã terá arma atômica.

Durante seu discurso, o primeiro-ministro israelense fez um paralelismo entre o acordo nuclear iraniano negociado com as grandes potências e o de Munique, de 1938, firmado para acalmar Adolf Hitler.

"Um acordo destinado a tranquilizar, como há 80 anos, apenas fez o regime ficar mais determinado e que a guerra fosse mais provável", insistiu.

"Quando (o Irã) estiver equipado com armas nucleares, a agressão iraniana será incontrolável e se dirigirá contra todo mundo", afirmou Netanyahu.

Na sequência, o ministro libanês da Defesa, Yacub Riad Sarraf, prometeu que "nós nos defenderemos, também temos pessoas prontas a morrer por seu país".

"O Irã busca dominar o mundo mediante a agressão e o terrorismo. Desenvolve mísseis balísticos para alcançar a Europa e os Estados Unidos", acusou ele, reforçando: "é, no meu entender, a maior ameaça existente para o mundo".

Um dos artífices do acordo em xeque, o ex-secretário de Estado americano John Kerry disse, por sua vez, que considerar que Teerã está perto de ter capacidade nuclear militar é "fundamentalmente incorreto".

- De Mistura pede moderação -

A entrada de Israel na Síria pode ter um impacto catastrófico, levando-se em conta que Estados Unidos, Turquia, Rússia e Irã já estão envolvidos no conflito, com objetivos opostos, e que, no terreno, enfrentam-se as forças pró-governo, extremistas, oposição armada e milícias curdas.

"Nunca, em quatro anos, vimos grandes países se comprometerem militarmente, diretamente, dentro da Síria. Isso causa incidentes e é preocupante", declarou o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.

"Esperamos que esses países continuem se mostrando responsáveis, já que, caso contrário, a situação pode escapar de qualquer controle", alertou.


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