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Estado de Minas

Nova edição de 'Os miseráveis' é rica em detalhes e informações


postado em 15/02/2018 13:00

Será que ainda há algo a aprender sobre "Os miseráveis", este monumento da literatura francesa que também é um dos livros mais conhecidos do mundo? A nova edição da obra-prima de Victor Hugo que será lançada pela Pléiade na semana que vem mostra que sim.

Coordenado por Henri Scepi, um dos grandes especialistas em literatura francesa do século XIX, este novo volume da prestigiosa coleção da Editora Gallimard tem várias revelações para fãs e estudiosos.

Nele, sabe-se que Victor Hugo hesitou por muito tempo até se decidir pelo título de sua saga. No início, ficou entre "Les Misères" ("As misérias", ou "As penúrias", em uma tradução literal), ou ainda "Jean Tréjean", nome do herói da narrativa.

À medida que a história se desenvolvia, "Jean Tréjean" mudou de identidade. Ele se transforma em "Jean Vlajean" até tomar, enfim, em março de 1861, o nome de "Jean Valjean", um "ex-forçado" (detento condenado a trabalhos forçados) que vira um santo laico.

Já "Marius", amante de "Cosette", outro personagem central do romance, vira "Thomas", revela Henri Scepi.

Quando Victor Hugo começa a escrever seu livro em 1845, ele é membro da Academia Francesa e "pair de France" (título da nobreza), nomeado pelo rei Luís Filipe I. Os eventos de 1848 (a Insurreição de Fevereiro e, então, as Jornadas de Junho) obrigam-no a deixar a escrita.

Eleito deputado em junho de 1848 e reeleito em maio de 1849 nas fileiras conservadoras, ele se afasta pouco a pouco de seu campo político até denunciar, em 2 de dezembro de 1851, o golpe de Estado de Luís-Napoleão Bonaparte.

- O exilado -

Perseguido pela Polícia, vê-se forçado ao exílio. O "pair de France" se torna um desterrado.

Hugo encontra abrigo em Bruxelas e, então, em Jersey, antes de se instalar em Guernesey. Os rascunhos de "Os miseráveis" esperam em caixas de papelão. Não é que o escritor tivesse renunciado ao próprio ato da escrita. Pelo contrário. No exílio, escreve "Les châtiments", seguido de "Contemplations" e, finalmente, "La légende des siècles".

Anistiado, mas ainda no exílio, ele retomará a redação de "Os Miseráveis" em abril de 1860, 15 anos após ter começado. O livro, "um dos principais ápices, se não o cerne da minha obra" - afirma Hugo - é enfim publicado em Bruxelas por uma editora belga, em março de 1862. Victor Hugo tinha 60 anos.

O texto publicado pela Pléiade se baseia nesta edição original publicada de março a junho de 1862.

Além do texto impressionante de Victor Hugo, o volume de 1.824 páginas é enriquecido com um "Atelier des Misérables", onde foram reunidos os prefácios e projetos de prefácio redigidos por ele, assim como com diferentes manuscritos que permitem apreciar a evolução da obra ao longo de sua escrita.

- Comédia musical -

"L'Atelier des Misérables" também apresenta páginas descartadas do manuscrito e cenas (ou capítulos) que não permaneceram na edição publicada.

Uma seção intitulada "Images des Misérables", sob a direção de Dominique Moncond'huy, apresenta desenhos (incluindo os de Victor Hugo) inspirados no romance e faz um inventário completo dos filmes, peças de teatro adaptados da obra.

Entre elas está a célebre musical "Os miseráveis" encenada sem interrupção em Londres desde 1985. A Pléiade relata ainda adaptações feitas para os cinemas japonês, egípcio, turco e até vietnamita.

A recepção do romance à época é outro aspecto que pode surpreender o leitor dos dias atuais. Sem dúvida, o livro foi um sucesso de vendas desde seu lançamento, mas - lembra Henri Scepi - as críticas foram ferozes.

Flaubert e Lamartine não tiveram dó. A mãe do (futuro poeta) Arthur Rimbaud escreve uma carta ao professor do filho, Georges Izambard, culpando-o por ter colocado um exemplar de "Os miseráveis" nas mãos de seu aluno.

O grande romance de Victor Hugo entrou no catálogo da Pléiade pela primeira vez em janeiro de 1951 e não foi reeditado desde então.


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