Jornal Estado de Minas

Senado dos EUA chega a acordo orçamentário para evitar crise fiscal

A maioria republicana e a oposição democrata do Senado dos Estados Unidos anunciaram na quarta-feira (7) terem chegado a um acordo que eleva os tetos orçamentários para 2018 e 2019, uma medida que, se for aprovada pelo Congresso, evitará uma iminente crise fiscal. Mas o espinhoso tema da imigração foi adiado.

O compromisso anunciado acaba com os financiamentos a curto prazo que se tornaram recorrentes, evitando que o Congresso mude drasticamente as prioridades dos gastos federais.

O presidente Donald Trump anunciou seu acordo total, embora o compromisso não inclua fundos para construir o muro na fronteira com o México, uma das suas principais promessas de campanha.

"Este acordo orçamentário é importante demais para nossa grande força armada", tuitou. "Republicanos e democratas devem apoiar nossos soldados e apoiar esta lei!".

"Ninguém vai dizer que é um acordo perfeito, mas fizemos tudo que foi possível para encontrar um terreno comum", disse o líder da bancada republicana, Mitch McConnell.

"Depois de meses estagnação econômica, é um verdadeiro avanço", comemorou o líder democrata Chuck Schumer. "Vai acabar um longo ciclo de crises fiscais que frearam esse Congresso e prejudicaram nossa classe média".

O compromisso alcançado pelos líderes dos dois partidos, contudo, ainda deve ser aprovado no Senado e na Câmara dos Representantes, onde os conservadores e os democratas mais radicais podem não dar seu apoio.

O acordo, discutido há meses, aumenta o gasto militar e não militar estabelecido pelo Congresso em 2011. Ele também garante fundos para atenuar efeitos de desastres naturais, desenvolver infraestruturas e lutar contra a crescente epidemia de vício em opiáceos.

"Pela primeira vez em anos, nossas forças armadas terão mais dos recursos que precisam para proteger os Estados Unidos", comemorou McConnell, sobre uma prioridade compartilhada por republicanos e democratas.

A Casa Branca reagiu positivamente. "Certamente estamos contentes com a direção em que avança", disse a porta-voz Sarah Sanders. Mas ainda falta muito para ser promulgado pelo presidente Donald Trump.

- Debate migratório adiado -

"Agora temos que terminar o trabalho", disse Schumer.

É urgente aprovar uma nova medida sobre os gastos até a meia-noite local de quinta-feira (03H00 de sexta-feira, horário de Brasília). Do contrário, haverá uma nova paralisação parcial do governo federal por falta de fundos, como ocorreu durante três dias em janeiro.

Para evitar isso, o Congresso quer votar seis semanas de extensão, até 23 de março, a fim de dar tempo aos legisladores para transformar o acordo alcançado em um projeto de lei.

Conservadores já protestaram contra o aumento significativo dos gastos públicos anunciado.

Na Câmara baixa, a líder democrata Nancy Pelosi alertou em um discurso de mais de sete horas que votará contra a medida se ela não incluir a pauta migratória.

A oposição condicionou o debate do orçamento à regularização de centenas de milhares de jovens em situação irregular, e os republicanos responsabilizam os oponentes pela recente paralisação do governo.

Esses jovens, chamados "dreamers", estavam amparados contra a deportação pelo programa Daca, criado pelo ex-presidente Barack Obama e revogado em setembro por Trump, que passou ao Congresso a responsabilidade de legislar sobre o tema. A partir de 5 de março os vistos deles não serão mais renovados.

Mas seu destino ficou no caminho neste debate orçamentário. Por ora, a discussão sobre o assunto só está prevista no Senado.

McConnell prometeu permitir que todos apresentem suas propostas a votação, mas não há sinais de que uma lei vá surgir neste processo aberto.

A proposta de Trump não teria os votos necessários para ser aprovada. Seu plano abre a via para a regularização de 1,8 milhão de "dreamers", mas endurece a política migratória.

A batalha no Senado deve acontecer na próxima semana, de acordo com Schumer.

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