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Estado de Minas

Merkel assenta base para outro mandato na Alemanha em troca de sacrifícios


postado em 07/02/2018 18:42

A chanceler Angela Merkel celebrou nesta quarta-feira (7) a perspectiva de um governo "estável" na Alemanha, após o acordo alcançado em duras negociações com os social-democratas, algo que lhe custou muito caro, mas abre as portas para um quarto mandato.

"Estou convencida de que este contrato de coalizão (...) é o pilar do governo estável que o nosso país precisa e que muita gente no mundo espera de nós", insistiu a dirigente conservadora, da CDU, após a última rodada de negociações, de 24 horas seguidas, em Berlim.

Diante das reticências do Partido Social-Democrata (SPD) de se aliar novamente com os conservadores, estes tiveram que fazer várias concessões. O SPD de Martin Schulz obterá várias pastas-chave, como a de Finanças.

- A erosão de Merkel -

Isso marca uma ruptura com o legado do ortodoxo Wolfgang Schäuble, conservador e titular de Finanças por oito anos, até o final de 2017. Este ministério deverá ficar a cargo de Olaf Scholz, prefeito de Hamburgo, segunda cidade do país, e figura respeitada dentro do SPD.

"Admito que a questão de quem assumirá qual ministério não foi fácil", reconheceu Merkel.

Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, poderia se tornar o chefe da Diplomacia alemã, uma mudança drástica para quem, ainda no fim de 2017, assegurava que não participaria de um governo de Merkel.

Nesta quarta-feira à tarde comunicou que quer abandonar em breve a presidência do SPD, tal como os meios de comunicação anunciavam.

Schulz, de 62 anos, considera não estar em condições de garantir da melhor maneira "o processo de renovação" de seu partido, indicou em coletiva de imprensa em Berlim. Andrea Nahles, de 47 anos, chefe do grupo parlamentar do partido, está convocada para sucedê-lo, se tornando a primeira mulher a ocupar o cargo.

A CSU, os aliados bávaros de Merkel e a ala mais à direita de sua família política, controlará o "superministério" do Interior, da Construção e da Pátria, uma garantia para seu eleitorado mais conservador.

Há dois anos este partido vem denunciando a generosa política migratória da chanceler.

Segundo o jornal Bild, Merkel cedeu demais para evitar novas eleições.

"Que preço pagou? É quase um sacrifício pessoal! O que sobrou para ela?", insistiu o jornal. "Merkel ceder desta maneira ilustra a erosão de seu poder (...) em matéria de política europeia".

Para Angela Merkel não havia margem de erro se queria continuar no poder. As eleições legislativas de setembro, marcadas pela retração dos partidos tradicionais e o avanço da extrema direita, não deram uma maioria clara na Câmara de Deputados.

Os debates se concentraram por muito tempo na que estão do gasto militar e, sobretudo, no mercado de trabalho e em uma reforma de seguro social dirigida a diminuir as desigualdades entre a saúde pública e privada.

- Importante obstáculo -

Para iniciar seu novo mandato de quatro anos, a chanceler, de 63 anos, ainda tem que superar um importante obstáculo: o do voto dos cerca de 460 mil militantes do SPD, que se pronunciarão em uma consulta interna por correio que durará várias semanas.

O partido, criado no fim do século XIX, continua muito dividido sobre a decisão de apoiar um novo Executivo liderado pelos conservadores do bloco CDU-CSU.

Na tentativa de persuadir seus militantes mais reticentes, Martin Schulz conseguiu que o acordo do governo incluísse uma cláusula de reavaliação após dois anos, uma forma de colocar Merkel em suspenso desde o início de seu mandato.

"Agora vamos convencer os militantes de que negociamos um acordo muito bom", declarou Schulz nesta quarta-feira.

Se os militantes rejeitarem o acordo de coalizão, a chanceler enfrentará uma difícil decisão: formar um governo de minoria, ou realizar novas eleições, dois cenários inéditos da Alemanha do pós-guerra. A consulta com os 460 mil militantes começará em 20 de fevereiro e o resultado será revelado em 4 de março.

Tanto o SPD como os conservadores temem novas eleições, das quais o partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD) se beneficiaria, como mostram as últimas pesquisas, e complicaria ainda mais a busca pela maioria.


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