Os conservadores de Angela Merkel e os social-democratas alemães conseguiram aproximar posições nesta segunda-feira (5), especialmente sobre a reativação do projeto europeu, visando chegar a um acordo e formar um governo que lhes permita tirar o país do bloqueio político em que se encontra.
No entanto, os dois grupos decidiram prolongar as negociações até terça-feira, data limite para alcançar um compromisso global, ou constatar seu fracasso - uma saída que afundaria a primeira economia europeia em uma crise política sem precedentes.
"Absolutamente precisamos do dia de amanhã", declarou um dos negociadores do Partido Democrata-Cristão (CDU), da chanceler, Daniel Günther.
Julia Klöckner, do entorno de Merkel, também assegurou que chegariam a uma conclusão na terça à noite.
Os democrata-cristãos negociam desde o início de janeiro com os social-democratas para tentar formar uma coalizão de governo.
As eleições legislativas de setembro não permitiram estabelecer uma maioria clara na Câmara dos Deputados.
Após as negociações desta segunda-feira, ao menos os dois grupos entraram em acordo sobre o tema europeu, relançado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em setembro.
"Finalizamos hoje as discussões sobre a Europa e (...) estamos dispostos a fazê-la avançar juntos", declarou o presidente do SPD, Martin Schulz.
Schulz assegurou que concluíram um compromisso "para um orçamento de investimento para a zona do euro", uma proposta de Macron.
Mas outros dois importantes temas para o SPD continuam sendo um problema: a reforma do sistema de seguro de saúde estatal e a regulamentação dos contratos de trabalho temporários.
Embora as cúpulas dos partidos cheguem a um acordo, deverão esperar o voto dos 440 mil afiliados ao SPD, o que durará várias semanas entre fevereiro e março.
Mas o partido está dividido. Muitos de seus membros dizem que Schulz não cumpriu com suas promessas de orientar o SPD para a esquerda e de não negociar com Merkel.
Vários social-democratas consideram um acordo com a chanceler uma sentença de morte.
Para tentar convencer, Schulz previu "reavaliar" a coalizão na metade do mandato, uma forma de colocar Merkel contra a parede antes de começar o governo e um gesto para a ala esquerdista dos social-democratas.
Se as negociações fracassarem, Merkel deverá decidir entre iniciar seu quarto mandato como chanceler à frente de um instável governo minoritário, ou aceitar a convocação de novas eleições, dois cenários inéditos na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.