Congressistas democratas pediram ao presidente Donald Trump, neste domingo (4), que não demita os principais responsáveis pela investigação sobre os vínculos entre a Rússia e sua equipe de campanha presidencial, caso contrário poderá gerar uma "confrontação" no país.
"Se o presidente tomar esta decisão extrema, temo que possa levar a uma confrontação de que não precisamos nos Estados Unidos", advertiu o senador democrata Dick Durbin.
Após ter seu status de "confidencial" retirado pelo presidente, o Congresso publicou, na sexta-feira (4), um polêmico memorando de Inteligência que critica o FBI. O texto acusa a Polícia Federal americana de abuso de poder por espionar Carter Page, um ex-assistente de campanha de Trump em 2016.
No sábado, o presidente voltou a insistir em sua inocência na investigação sobre a ingerência da Rússia na corrida pela Casa Branca em 2016 - que o levou ao poder - e, mais uma vez, disse se tratar de uma "caça às bruxas".
Alguns setores temem que Trump demita o procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação do "Russiagate", ou seu superior hierárquico, o número dois do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein.
Enquanto os democratas preveem uma crise institucional, os republicanos mostram seu apoio ao presidente, apesar da falta de consenso interno.
"A pergunta é se a maioria republicana na Câmara de Representantes e no Senado defenderá a lei e a Constituição, se o presidente tomar essa posição extrema", afirmou Durbin, em entrevista à rede CNN.
"O objetivo é minar o FBI, desacreditar o FBI, desacreditar a investigação de Mueller, fazer a vontade do presidente", disse o representante democrata Adam Schiff à emissora ABC.
Redigido pelo titular da Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes, o republicano Devin Nunes, o memorando acusa os investigadores do FBI de abuso de poder para obter o mandado de um juiz federal para espionar o agora ex-assistente Carter Page. Teria-se omitido que a investigação sobre Paige teria recebido financiamento democrata.
Schiff rebateu essa tese, alegando que "a corte foi notificada de que havia um ator político envolvido".
- Republicanos divididos -
Sinal da divisão no partido de Trump, quatro membros republicanos do Comitê de Inteligência da Câmara (Trey Gowdy, Chris Stewart, Will Hurd e Brad Wenstrup) disseram neste domingo que o memorando sobre o FBI não deve pôr a investigação sobre o "Russiagate" em xeque.
Nesse sentido, o congressista republicano Trey Gowdy descartou que a demissão de Rosenstein possa ocorrer.
"Tive diferenças com Rod Rosenstein, mas ainda acho que é completamente capaz de ajudar a dirigir um Departamento de Justiça no qual todos tenhamos confiança", garantiu Gowdy hoje à CBS.
Para o democrata Leon Panetta, ex-diretor da CIA e ex-secretário da Defesa do governo Barack Obama, Trump cometeria um "grave erro", se seguisse por um desses caminhos.
"Se ele os atacar, dando a impressão de obstaculizar o processo, vai prejudicar a si mesmo, a Presidência e, ainda mais importante, o país", alertou.