Jornal Estado de Minas

Merkel e social-democratas continuam amanhã 'difíceis' negociações

As "difíceis" negociações para formar governo na Alemanha continuam nesta segunda-feira (5), depois de um domingo intenso de discussões para tentar tirar o país do imbróglio pós-eleitoral.

Há dois temas centrais, que vêm obstaculizando as negociações entre os conservadores da chanceler Angela Merkel e a oposição social-democrata do SPD: a reforma do sistema público de Saúde e a regulamentação dos trabalhos temporários.

A intenção era terminar as negociações ainda hoje, mas, agora à noite, as partes envolvidas anunciaram a retomada dos debates para esta segunda-feira, a partir das 10h locais.

Mais de quatro meses após as legislativas de setembro, que deixaram a primeira economia na Europa sem maioria, os conservadores da CDU/CSU procuram soluções sobre a saúde, o trabalho, a Europa e a Previdência para convencer um SPD reticente em renovar por mais quatro anos a grande coalizão, ou GroKo, em fim de mandato.

Em negociações desde o início de janeiro, os dois campos retomaram os debates esta manhã.

Merkel garantiu que entra nessa última etapa com "boa vontade, mesmo sabendo que nos esperam horas de negociações difíceis".

"Não podemos dizer quanto tempo vai levar. Restam pontos importantes para resolver", disse ela, ao chegar à sede do SPD, onde aconteceu o encontro.

O líder dos social-democratas, Martin Schulz, já havia antecipado uma sessão "até tarde da noite", garantindo que não poderia "prometer que se trate do último dia de negociações".

Cerca de 71% dos alemães dizem não compreender o motivo pelo qual "a formação do governo está levando tanto tempo", segundo uma pesquisa da televisão pública ARD.

Se Merkel fracassar, deverá se resignar e iniciar seu quarto mandato de chanceler com um instável governo minoritário, ou aceitar a realização de novas eleições, correndo o risco de perder ainda mais espaço para a extrema-direita.

Tendo recebido apenas 20,5% dos votos nas legislativas e em queda nas pesquisas desde então, o SPD está dividido. Muitos no partido querem que seu líder, Martin Schulz, respeite sua promessa de uma virada à esquerda e não negocie com Merkel.

Seus militantes têm a última palavra sobre um eventual acordo, por meio de um voto postal.

A posição da chanceler não é nada confortável. Uma parte de sua família conservadora pede um posicionamento mais à direita para frear a extrema-direita, enquanto há a necessidade de um compromisso com os social-democratas, sob pressão de sua ala à esquerda.

Parte da imprensa alemã também é intransigente em relação aos dois partidos que, em conjunto ou alternadamente, dirigem a Alemanha desde 1949.

O "Süddeutsche Zeitung" denuncia uma busca pelo "menor denominador comum" para fundar um GroKo "sem orientação".

"Eles são hesitantes, mas, acima de tudo, não têm inspiração", afirma o jornal que pede a Merkel e a Schulz que se juntem, ou "deixem o caminho aberto para outros líderes, ou para eleições" antecipadas.

Para alguns, contudo, uma eleição antecipada é muito arriscada, já que o SPD está enfraquecido. A extrema-direita se beneficiaria, enquanto os 13% dos votos recebidos em setembro pela Alternativa para a Alemanha (AfD), um recorde, já complicam a busca pela maioria.

Este partido ganhou força sobre as preocupações geradas pela abertura do país a mais de um milhão de requerentes de asilo desde 2015.

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