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Estado de Minas

Moreno x Correa: ex-aliados em uma batalha decisiva no Equador


postado em 03/02/2018 13:36

Lenín Moreno e Rafael Correa já foram aliados e agora são inimigos declarados, e vão travar no referendo deste domingo no Equador sua batalha decisiva.

Promotores da revolução socialista que desde 2007 modernizou um país atrasado e com fama de ingovernável, os dois políticos de estilos marcadamente opostos medem seu apoio popular em uma consulta elaborada pelo atual presidente para desterrar para sempre seu antecessor.

Se Moreno ganhar, principalmente na pergunta a respeito da supressão da reeleição indefinida, Correa perderá a opção de recuperar o poder.

- Marionete -

Moreno, o popular ex-vice-presidente de Correa entre 2007 e 2013, venceu as eleições do ano passado em grande parte graças ao apoio enérgico de seu então aliado.

Mas nem bem assumiu o poder em maio, Moreno, 64 anos, demonstrou de cara que não iria ser um marionete de Correa.

"Fiquei surpreso com a ruptura, principalmente por ter acontecido tão rápida e abruptamente", declarou à AFP Alberto Acosta, um dos ideólogos da "Revolução Cidadã" e ex-colaborador de ambos políticos.

De temperamento reflexivo, sorridente e sempre bem-humorado, Moreno chegou a denunciar que no governo anterior um "círculo de sem-vergonhas decidiu expoliar a pátria".

Durante seu governo, pediu unidade aos equatorianos, depois de anos de fratura social, e se reuniu com líderes da oposição, sempre confrontada com Correa, o que lhe valeu o apelido de traidor de seu antecessor.

"Em Moreno, a quem conheço desde 2006, destaco a atitude respeitosa e aberta ao diálogo, mantendo suas posições de maneira firme", assinala Acosta.

Tendo de usar uma cadeira de rodas depois de ser baleado em um assalto, em 1998, defensor das causas sociais, Moreno acabou se afastando de Correa quando, em meio a seu plano anticorrupção, o vice-presidente Jorge Glas, grande amigo do ex-presidente, acabou na prisão, condenado pelo caso das propinas da construtora brasileira Odebrecht.

Filho de professores, nascido na Amazônia, pai de três filhas e avô de trigêmeos, em 2012 foi candidato ao Prêmio Nobel da Paz e, depois de deixar a vice-presidência, atuou como enviado do secretário das Nações Unidas para a Deficiência.

- Via crucis -

Desde que deixou a presidência, Correa, economista de 54 anos, padece o pior dos calvários ao ver como seu sucessor, a quem define como "um lobo em pele de cordeiro", vem desmontando seu legado.

Fundador do Partido Aliança País para as eleições de 2006 e com 14 triunfos seguidos nas urnas, o impetuoso ex-presidente deixou seu retiro na Bélgica para converte-se no principal opositor no Equadro, e liderar a campanha pelo "Não" no referendo.

Sem partido, com poucos recursos econômicos, com menor influência nas instituições e presença quase nula nos meios de comunicação, Correa percorreu o país para denunciar o referendo como "golpe de Estado" de Moreno.

Depois de uma década de instabilidade institucional, em um país que teve sete presidentes (três deles derrubados), Correa - que estudou na Bélgica e os Estados Unidos - enterrou a imagem de um Equador ingovernável ao ser eleito em três ocasiões.

Em 2017 desistiu de ser candidato para se dedicar à família e à academia, o que até agora não conseguiu fazer.

Apesar de chegar a gozar de grande popularidade, fez grandes inimigos por sua forma desenfreada de ser e por seus constante enfrentamentos com a imprensa, que o levaram a ser chamado de ditador.

Depois da morte do venezuelano Hugo Chávez, emergiu como a principal figura da esquerda latino-americana, que vem perdendo espaço nos últimos anos.

O ex-presidente, casado com uma belga e pai de três filhos, denuncia uma "restauração conservadora na região que visa a destruir dirigentes progressistas como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), a argentina Cristina Kirchner e ele próprio.


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