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Estado de Minas

Trump tenta minimizar escândalo após menção a 'países de merda'

Em uma primeira mensagem, Trump admitiu que foram ditas coisas "duras" em uma reunião na Casa Branca ontem pra discutir imigração, mas garantiu que "essa não foi a linguagem usada"


postado em 12/01/2018 20:37 / atualizado em 12/01/2018 21:01

Trump recorreu a sua arma favorita - o Twitter - para se defender e negar a declaração(foto: SAUL LOEB/AFP)
Trump recorreu a sua arma favorita - o Twitter - para se defender e negar a declaração (foto: SAUL LOEB/AFP)
Donald Trump tentava nesta sexta-feira (12) se descolar do escândalo provocado por sua menção a "países de merda", em uma referência a Haiti, El Salvador e a nações africanas, declaração que um funcionário de alto nível da ONU denunciou como "racista".


Hoje pela manhã, Trump recorreu a sua arma favorita - o Twitter - para se defender e negar a declaração. Rapidamente foi desmentido por um senador do Partido Democrata que esteve nessa reunião e confirmou a versão.


Em uma primeira mensagem, Trump admitiu que foram ditas coisas "duras" em uma reunião na Casa Branca ontem pra discutir imigração, mas garantiu que "essa não foi a linguagem usada".


Uma hora mais tarde, Trump voltou ao tema no Twitter para assegurar que nunca disse "qualquer coisa depreciativa sobre os haitianos, além de dizer que o Haiti é, obviamente, um país muito pobre e com muitos problemas".


Pouco depois, porém, o senador democrata Rick Durbin, que participou da reunião, disse que Trump de fato se referiu a "países de merda" e que fez isso mais de uma vez.


Trump "tuitou esta manhã negando que usou essas palavras. Não é verdade. Ele disse essas coisas cheias de ódio, e as disse repetidamente (...) Deu essas declarações vis e vulgares, chamando essas nações de países de merda", lamentou Durbin.


Diversas fontes apontam que Trump se referia a nações africanas, ao Haiti e a El Salvador.


"Por que todas essas pessoas de países de merda vêm aqui?", teria dito Trump, acrescentando que queria imigrantes de países nórdicos, como a Noruega.


- Indignação global -


Em poucas horas, o escândalo se tornou internacional, com uma forte onda de indignação com as declarações do presidente americano.


Em Genebra, o porta-voz do alto comissário para Direitos Humanos da ONU, Rupert Colville, classificou as palavras de Trump como vergonhosas.


"Se se confirmarem, são comentários escandalosos e vergonhosos por parte do presidente dos Estados Unidos. Sinto muito, mas a única palavra que se pode usar é racista", frisou.


Para Colville, a visão manifesta em suas declarações mostram "o pior lado da humanidade, validando e estimulando o racismo e a xenofobia".


Em Porto Príncipe, o governo do Haiti emitiu uma nota enérgica, na qual considerou "inaceitáveis" as declarações "odiosas e abjetas" de Trump, por considerar que refletem "uma visão simplista e racista completamente equivocada".


O governo de El Salvador também protestou hoje.


"El Salvador exige respeito à dignidade de seu nobre e corajoso povo", disse o presidente Salvador Sánchez Cerén, ao ler um comunicado durante um ato público em San Salvador.


As expressões "agridem a dignidade" dos cidadãos salvadorenhos, completou.


Em Adis Abeba, a União Africana condenou as declarações "ofensivas e perturbadoras" do presidente americano.


"Isso é ainda mais ofensivo dada a realidade histórica do número de africanos que chegaram aos Estados Unidos como escravos", disse à AFP Ebba Kalondo, porta-voz do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki.


O governo de Botsuana convocou o embaixador americano para explicar se essa nação africana é "considerada um país de merda".


O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu à Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba) que se solidarizem com Haiti e El Salvador.


"É importante que a Alba ratifique sua solidariedade com os povos agredidos por Trump: Haiti, El Salvador, América Central. Primeiro vem a palavra de desprezo, depois as ameaças e depois as ações", disse Maduro, em uma reunião do conselho político do organismo em Caracas.


- 'Não é bem-vindo' a Londres -


Em Londres, o prefeito Sadiq Khan celebrou a decisão de Trump de cancelar uma visita à cidade, porque "não é bem-vindo" lá.


"Muitos londrinos deixaram claro que Donald Trump não é bem-vindo (...) Parece que, finalmente, entendeu", afirmou o prefeito, embora a suspensão da viagem esteja relacionada com uma polêmica sobre a sede da nova embaixada americana em Londres.


Nos EUA, as reações também não demoraram a aparecer.


Nascido em Chicago e filho de pais porto-riquenhos, o congressista democrata Luis Gutiérrez comentou que "agora se pode dizer com 100% de certeza que o presidente é um racista".


"Tenho vergonha do nosso presidente", acrescentou.


A onda de indignação também imperava entre os republicanos. A legisladora Mia Love, de família haitiana, disse que a declaração de Trump era "divisiva" e defendeu que um pedido de desculpas é imperativo.


Para Tim Scott, o único senador negro entre os republicanos, as declarações de Trump são "decepcionantes".


Um alto funcionário do Departamento de Estado informou nesta sexta-feira que os diplomatas americanos no Haiti e nos países africanos receberam um guia sobre como responder caso sejam convocados a dar explicações.


Segundo esse guia, "os embaixadores e os encarrecados de negócios deverão destacar que é uma honra estar em seus respectivos postos e o quanto valorizamos nossa relação com o povo de cada país".


- Em busca de um acordo -


Na quinta-feira, Trump recebeu na Casa Branca um grupo de congressistas democratas e republicanos para tentar chegar a um acordo sobre uma lei geral migratória.


O republicano Lindsey Graham e o democrata Durbin tentavam alinhavar o acordo, mas, ao chegarem à Casa Branca, observaram que Trump estava acompanhado de outros legisladores que defendem "linha dura" com os imigrantes.


O acordo tenta chegar a uma saída para a situação dos cerca de 680 mil jovens que ingressaram de forma irregular no país ainda crianças e que regularizaram seu status com o programa DACA, aprovado durante o governo de Barack Obama e cancelado por Trump.



 


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