Jornal Estado de Minas

Rússia cria comissão para investigar relatos de 'incidente nuclear'

Uma comissão científica russa vai investigar relatos de poluição radioativa quase 1.000 vezes acima dos níveis normais no sul dos Urais - informou a companhia nuclear estatal Rosatom nesta sexta-feira (24).

A medida chega apesar da negação da Rússia de que tenha ocorrido um acidente nuclear em suas instalações nucleares.

"Cientistas nucleares criaram uma comissão para descobrir a origem do rutênio-106", afirmou a Rosatom em um comunicado, também divulgado pelo Instituto de Segurança Nuclear do país.

A comissão contará com representantes de "organizações científicas russas e europeias", de acordo com o comunicado.

"A Rosatom oferecerá toda a assistência necessária a esta comissão e informará o público sobre os resultados", completou.

Na segunda-feira, meteorologistas russos disseram que uma estação perto da instalação nuclear de Mayak, na região de Chelyabinsk, detectou uma "poluição extremamente alta" do isótopo de rutênio-106 durante testes no final de setembro.

O isótopo radioativo é criado dividindo-se átomos em um reator, e não ocorre naturalmente.

Rosatom comentou anteriormente que "não houve incidentes" nas instalações de infraestrutura nuclear da Rússia e que a concentração detectada representava uma ameaça pequena.

A agência de regulação de produtos agrícolas Rosselkhoznadzor negou hoje uma "possível contaminação radioativa" de terras na área.

Localizada no sul dos Urais, a instalação de Mayak disse que a contaminação "não tem nada a ver" com suas atividades.

A instalação, que reprocessa combustível nuclear, garantiu que não produz Ru-106 há anos.

Mayak foi o local de um dos maiores desastres nucleares da história, quando um contêiner com resíduos radioativos explodiu em 1957, provocando a evacuação de quase 13 mil pessoas da área.

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