Jornal Estado de Minas

Após veto russo, ONU tenta salvar investigação de ataque químico na Síria

O Conselho de Segurança da ONU vai submeter à votação, nesta sexta-feira, às 23h15 GMT (21h15 de Brasília), um projeto de resolução para tentar manter a equipe de especialistas liderados pela ONU encarregada de identificar os responsáveis pelo uso de armas químicas na Síria.

O grupo da ONU vai votar o projeto para estender por 30 dias o Mecanismo de Investigação Conjunto (JIM, na sigla em inglês), para dar tempo a Estados Unidos e Rússia a alcançar um acordo sobre o papel desse grupo de especialistas das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).

A Rússia transmitiu, nesta sexta-feira, em uma reunião fechada do grupo decisório da ONU, sua oposição à proposta do Tóquio, que prevê a prorrogação do JIM, cujo mandato acabou nesta quinta-feira.

Em Moscou, Mikhail Ulyanov, chefe do departamento de não-proliferação do Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que a prorrogação é desnecessária e rechaçou a necessidade de tomar medidas de emergência sobre o futuro do painel.

"Não vemos motivos para uma prorrogação técnica", disse ele à agência oficial RIA Novosti.

Ulyanov declarou que a Rússia está aberta a consultas e, se elas forem produtivas, "daqui a um tempo, talvez não muito, o Conselho de Segurança possa tomar uma decisão para renovar as atividades do JIM". "Por enquanto, não há nenhum motivo para o problema", afirmou.

- Veto no Conselho -

A Rússia criticou fortemente o JIM depois que seu último relatório acusou a força aérea síria de ser responsável pelo ataque com gás sarin no povoado de Khan Sheikhun, que deixou mais de 80 mortos.

O ataque cometido em 4 de abril desencadeou indignação em todo o mundo, enquanto as imagens de crianças sofrendo circularam o mundo. Dias depois, os Estados Unidos lançaram mísseis contra uma base aérea síria.

O regime sírio de Bashar al-Assad nega o uso de armas químicas e conta com o apoio de seu principal aliado, a Rússia.

A votação acontece um dia depois de a Rússia aplicar seu veto - pela décima vez em assuntos sobre a Síria - a uma proposta dos Estados Unidos para a ampliação, por mais um ano, do mandato do JIM e da rejeição de um projeto russo que também renovou o mandato, mas com mudanças no painel.

"Esta é uma maneira de evitar a morte do JIM, e que nos daria tempo para pensar seriamente sobre uma solução duradoura", considerou o embaixador francês François Delattre sobre a proposta japonesa, antes da reunião do Conselho de Segurança a portas fechadas.

Mas o embaixador adjunto russo, Vladimir Safronkov, disse ao Conselho que Moscou "não aceitará o projeto japonês", segundo um diplomata presente na sessão.

Além da renovação do JIM, o projeto de resolução japonês prevê que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apresente em 20 dias ao Conselho "propostas sobre a estrutura e a metodologia" do painel de especialistas no terreno.

O painel conjunto da ONU e da Opaq - criado pela Rússia e os Estados Unidos em 2015, que renovou seu mandato no ano passado - deve determinar quem é responsável pelo uso de armas químicas na Síria.

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