Confira abaixo as principais datas da ascensão do separatismo na Catalunha:
- 2006 -
- Março: O Parlamento espanhol adota um novo estatuto que reforça a autonomia da Catalunha. O preâmbulo a define como uma "nação" dentro do Estado espanhol. Também estabelece "o direito e o dever" dos cidadãos catalães de conhecer as duas línguas oficiais - o catalão e o castelhano.
- Julho: O direitista Partido Popular (então na oposição e já comandado por Mariano Rajoy) apresenta um recurso contra o novo estatuto de autonomia ao Tribunal Constitucional. Rajoy critica o texto, considerando-o uma ameaça à unidade da Espanha.
- 2010 -
- Junho: O Tribunal Constitucional anula uma parte do estatuto catalão. Conclui que a referência à Catalunha como "nação" no preâmbulo não tem "nenhum valor jurídico" e que "a Constituição não conhece outra Nação a não ser a espanhola".
Igualmente rechaça o uso do catalão como língua "preferível" nas administrações públicas e nos veículos de comunicação. Muitos catalães tomam esta ação como uma ofensa e, um mês depois, milhares de pessoas se manifestam gritando "somos uma nação, nós decidimos".
- 2012 -
- 11 de setembro: Mais de um milhão de pessoas se manifestam em Barcelona por ocasião da "Diada", a festa nacional da Catalunha, sob o slogan: "Catalunha, o próximo Estado da Europa".
Enquanto isso, o chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, desde 2011 no poder, aplica uma política drástica de austeridade em plena crise econômica.
- 20 de setembro: Rajoy se nega a negociar com o presidente regional catalão Artur Mas uma maior autonomia fiscal para a Catalunha, que aspira ter acordo privilegiado, similar ao do País Basco e de Navarra, que gerem seus próprios impostos.
- Novembro: Artur Mas, um nacionalista conservador que pouco a pouco se tornou separatista, vence as eleições regionais e promete realizar um referendo de autodeterminação.
- 2013 -
- 11 de setembro: Por ocasião da Diada, os manifestantes formam uma corrente humana de 400 quilômetros, como gesto pela independência.
- 2014 -
- 9 de novembro: A Catalunha organiza uma consulta simbólica, declarada inconstitucional pela Justiça espanhola. A taxa de participação é de 35%. Cerca de 80% dos eleitores, ou seja, 1,8 milhão de catalães se pronunciam a favor da secessão.
- 2015 -
- 27 de setembro: As eleições regionais antecipadas convocadas se apresentam como um plebiscito a favor, ou contra, a independência.
Os partidos separatistas, de esquerda e de direita, obtêm 47,6% dos votos e, pela primeira vez, são majoritários em número de assentos no Parlamento catalão.
- 9 de novembro: A Câmara catalã adota uma resolução, na qual declara o lançamento do processo, que deve-se concluir com a proclamação de um Estado catalão independente em forma de República, no mais tardar em 2017. A resolução seria logo anulada pelo Tribunal Constitucional.
- 2016 -
- 10 de janeiro: Carles Puigdemont, separatista de longa data, é designado presidente da Catalunha.
- 2017 -
- Março: o ex-presidente Mas fica inabilitado por dois anos pela Justiça espanhola por incorrer em "desobediência" com a consulta de 2014.
- Junho: Puigdemont anuncia a realização de um referendo de autodeterminação para 1º outubro, apesar de sua proibição por parte da Justiça espanhola, com a pergunta: "Quer que a Catalunha seja um Estado independente em forma de República?".
Em caso de vitória do "sim", e se a taxa de participação não for "ridícula", segundo ele, a região fará sua "desconexão" do restante da Espanha. O governo de Rajoy assegura que a consulta não será realizada.
- 6 de setembro: O Parlamento catalão aprova a lei que permite o referendo, que é convocado pelo governo regional.
- 7 de setembro: A Justiça espanhola suspende a consulta e adverte os funcionários catalães de que devem se abster de ajudar a organizar o referendo.
- 20 de setembro: Grandes manifestações após a detenção de 14 funcionários de alto escalão do governo regional e da apreensão de milhões de cédulas de votação. Um dia depois, o governo catalão admite que a ofensiva por parte de Madri "alterou" a organização do referendo.
- 30 de setembro: O governo afirma ter desmantelado a organização do referendo. Milhares de pessoas, balançando bandeiras espanholas, se manifestam em Madri a favor da unidade do país.
- 1º de outubro: No dia da consulta as forças de ordem intervêm para apreender as urnas em pelo menos 100 zonas eleitorais. Imagens de violência policial correm o mundo. Mais de 800 pessoas e cerca de 40 policiais precisam de atendimento médico.
O governo catalão afirma que o "sim" obteve 90% dos votos com uma participação de 42,3%. Puigdemont pede a mediação internacional.
O governo central de Madri afirma que não houve referendo.
- 3 de outubro: 700.000 pessoas se manifestam em Barcelona contra a violência policial em meio a uma greve geral na Catalunha. O rei Felipe VI, em um incomum discurso televisionado, se expressa com dureza, denunciando os separatistas e pedindo o restabelecimento da ordem constitucional.
- 4 de outubro: Puigdemont afirma à BBC que o seu governo se prepara para declarar a independência da Catalunha, provavelmente "no fim de semana ou na semana que vem".
- 10 de outubro: Puigdemont assume no Parlamento catalão "o mandato de que a Catalunha se converta em um Estado independente na forma de República", mas pede a suspensão dos "efeitos da declaração de independência".
- 11 de outubro: Rajoy dá a Puigdemont prazo até a quinta-feira da semana seguinte para renunciar a qualquer declaração de independência. Em caso contrário, ameaça aplicar o artigo 155 da Constituição que permite exercer as competências de uma autonomia se esta não cumpre a lei.
- 19 de outubro: Rajoy não fica satisfeito com a resposta de Puigdemont, que afirma que o Parlamento catalão não votou a declaração de independência, mas o fará se continuar a "repressão" do Estado, e convoca para sábado (21) um conselho de ministros, que pedirá ao Senado para validar a aplicação do artigo 155.