As autoridades israelenses aprovaram nesta quarta-feira (18) a construção de 1.323 residências suplementares para colonos na Cisjordânia, o que eleva a 2.646 as edificações validadas nos últimos três dias.
A autoridade que atua como governo israelense na Cisjordânia, um território ocupado por Israel há meio século, tinha aprovado na segunda-feira a construção de 31 residências para colonos na cidade de Hebrón - pela primeira vez desde 2002, segundo a organização não governamental anticolonização Paz Agora.
As 2.646 casas aprovadas desde a segunda-feira estão em diferentes etapas de procedimento. Os projetos de colônias devem superar um trâmite de várias etapas antes de começar a construção propriamente dita.
Das 1.323 casas aprovadas durante o dia, 102 correspondem à construção da primeira nova colônia autorizada por Israel nos últimos 25 anos (Amihai), segundo a Paz Agora.
"Trabalhamos em um ritmo que não tem comparação desde 2000", disse o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman. Três mil moradias estão em construção atualmente e 7.500 permissões estão em diferentes etapas de procedimento, declarou em visita às colônias, segundo seu gabinete.
A colonização é ilegal, segundo o Direito Internacional. Parte importante da comunidade internacional a considera um obstáculo maior para a solução do conflito entre israelenses e palestinos e para a solução de dois Estados, isto é, a criação de um Estado palestino coexistente com o de Israel.
Esta solução continua sendo a referência para a maior parte da comunidade internacional, embora tenha sido contestada pela administração do presidente americano, Donald Trump.
- ONU reitera ilegalidade das colônias -
"A ONU reitera que todas as atividades de colonização são ilegais, de acordo com o Direito Internacional, e constituem um obstáculo para a paz", disse perante o Conselho de Segurança o vice-secretário-geral para Assuntos Políticos da ONU, Miroslav Jenca.
A colonização judaica não só limita as terras nas quais os palestinos aspiram a fundar um Estado independente, mas ao fragmentar a continuidade territorial, também ameaça tornar impossível a criação deste Estado, afirmam seus opositores.
"O governo israelense perdeu toda a inibição, promovendo a expansão das colônias em um ritmo recorde e nos distancia cada dia mais de uma solução de dois Estados", condena a Paz Agora.
A presidência palestina condenou na terça-feira os novos anúncios, vendo neles um "desafio" lançado à comunidade internacional e à administração Trump, em um momento em que esta diz buscar os meios para reanimar o processo de paz.
A União Europeia (UE) voltou a manifestar que a colonização prejudica "a viabilidade da solução de dois Estados e a perspectiva de uma paz duradoura". Exigirá a Israel que "reconsidere" suas decisões.
Um alto funcionário do Departamento de Estado americano confirmou nesta quarta-feira à AFP o desejo de Trump de alcançar a paz e assegurou que sua equipe conseguiu "progressos constantes" neste sentido.
Mas, embora sua administração aponte que uma colonização "desenfreada" não ajuda a paz, ao mesmo tempo rejeita que seja interrompida.
Aos palestinos choca que, em seu entendimento, certos membros da administração americana tenham tomado partido pela colonização.
Além disso, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, se vê obrigado a dar satisfação aos parceiros mais conservadores em seu governo, que apoiam a colonização sem a menor consideração, e inclusive defendem a anexação total dos territórios.
Na Cisjordânia vivem 430.000 colonos judeus junto a 2,6 milhões de palestinos.