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Estado de Minas

Rodrigo Janot, o Procurador-Geral que denunciou cinco presidentes


postado em 15/09/2017 15:22

O Procurador-Geral Rodrigo Janot ficará marcado na memória política do Brasil como o homem que denunciou cinco presidente, incluindo Michel Temer, que se transformou no primeiro chefe de Estado em função da história do Brasil a ser acusado de um crime comum.

Polêmico, amante das frases rebuscadas e questionado por dar um crédito excessivo aos delatores que colaboram com a justiça, Janot deixará na segunda-feira seu cargo de chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) depois de quatro anos marcados pela "Lava Jato", uma operação sem precedentes sobre o submundo da política e dos negócios.

Mas, antes de ir embora, deixou uma bomba-relógio no Palácio do Planalto ao denunciar novamente Temer, dessa vez chefiar uma organização criminosa junto com seu partido o PMDB, que parasitou o Estado por mais de uma década. E também o acusou de obstruir as investigações contra ele.

Sua gestão orientada a investigar o poder está longe de gerar consenso e não são poucas as vozes no campo jurídico que o veem como o grande promotor de uma ascensão descontrolada da PGR à condição de quase um quarto poder da República.

"Resigno-me a meu destino porque, mesmo antes de começar, sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção, cimentado por anos de impunidade e de descaso", declarou em seu último discurso ante o Supremo Tribunal Federal, minutos depois de apresentar as acusações contra Temer.

- Festival -

Em uma frase agora célebre sobre o fim de seu mandato, Janot, que faz 61 anos nesta sexta, disse: "Enquanto houver bambu, lá vai flecha. Até o 17 de setembro, a caneta está na minha mão".

Ele disse e cumpriu o que disse. Sua gestão foi encerrada com um festival de denúncias contra os principais partidos e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), do PT, e José Sarney (1985-1990), do PMDB.

Antes, já havia feito isso com Fernando Collor (1990-1992), completando uma lista que contém quase todos os chefes de Estado desde a redemocratização do país em 1985.

Pai de uma filha também advogada, torcedor fanático do Atlético Mineiro e advogado desde 1979, Janot completou seus estudos na Itália.

É conhecido como "um homem afável" até por um de seus principais adversários na arena jurídica, Carlos Almeida Castro, apelidado de "Kakay", defensor dos irmãos Batista, os donos da JBS.

"Não tinha o perfil perseguidor que agora no final esta demostrando. É um homem sério, eu não faria nenhuma restrição ética, mas a 'Lava Jato' tomou uma dimensão tal que ele perdeu o controle da história", declarou à AFP.

"Começou a apresentar denúncias sem nenhuma base jurídica. Ele tornou o cargo dele menor e sequestrou a agenda do país. Paralisou o Executivo, paralisou o Legislativo. Errou muito nesse final", disse ainda.

Seu momento mais delicado coincidiu com o acordo de colaboração mais importante que gestionou, justamente com os irmãos Batistas, com o qual fundamentou a primeira acusação contra Temer, por corrupção passiva.

O acordo valeu a ele fortes críticas e foi anulado por ele próprio depois de detectar que os delatores haviam omitido informações.

Durante sua gestão, Janot apresentou 35 acusações dentro da "Lava Jato", que atingiram nove ministros, um terço dos senadores e cerca de 40 deputados com mandato vigente.

- A guerra -

Mas sua chefia da PGR ficará marcada pelo confronto com Temer.

A primeira "flecha" contra o presidente foi uma denúncia por corrupção passiva que, em agosto, foi arquivada pela Câmara de Deputados, em uma demonstração do apoio legislativo com que o chefe de Estado conta, blindando-se, inclusive, ante novas denúncias.

No entanto, Temer deverá responder por essa acusação quando perder a proteção do foro privilegiado, ao deixar a presidência em janeiro de 2019. Sua defesa acusou Janot de ter uma "obsessiva conduta persecutória", mas o Supremo Tribunal apoiou o Procurador-Geral.

Na segunda, a trajetória do homem para quem "o único dia fácil foi o de ontem" (quando encerrou seu mandato) terminará quando for substituído por Raquel Dodge, eleita por Temer para assumir o cargo.

"Sua grande intenção de inviabilizar o governo Temer é uma briga que ele já perdeu", declarou Sylvio Costa, diretor do portal especializado Congresso em Foco.


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