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Estado de Minas

Entenda por que os famosos vão tanto para a Coreia do Norte


postado em 12/09/2017 16:07

O que têm em comum um ex-atleta profissional japonês de luta livre, agora senador, um polêmico humorista francês e um excêntrico jogador de basquete americano? Todos são convidados de honra do regime norte-coreano sem que se saiba o que vão fazer em um país tão fechado.

Quando as tensões alcançam um limite sem igual com a Coreia do Norte, a agitação em torno destas personalidades deixa perguntas sem resposta e incomoda os governos.

Com mais de 30 viagens à Coreia do Norte, o rosto mais conhecido da luta livre japonesa, Anotonio Inoki, é habitué dos voos entre China - passagem obrigatória - e o país de Kim Jong-Un.

Quando os jornalistas lhe perguntam no aeroporto o que irá fazer na Coreia do Norte, Inoki, senador desde 1989 e que teve a sua primeira estadia em Pyongyang em 1994, se irrita. "Estudem um pouco a minha trajetória, bando de imbecis", tuitou na semana passada, antes de decolar rumo à capital norte-coreana.

Sem variar o discurso, este homem que sempre usa um cachecol vermelho - inclusive no verão - responde que viaja para favorecer "os vínculos do esporte", sem esconder que uma vez lá, tem a chance de se reunir com personalidades de primeira ordem.

O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, perguntado sobre as viagens de Inoki, dificilmente esconde o seu incômodo. A linha oficial de Tóquio é reforçar a pressão sobre Pyongyang para que o país pare de desenvolver mísseis e armas nucleares.

O ex-jogador de basquete americano Dennis Rodman também pretende agir por uma boa causa. "O principal que tentamos fazer é abrir as portas entre os dois países", declarou o excêntrico jogador do Chicago Bulls em um vídeo filmado em junho.

Apelidado de "The Worm" ao se destacar nas quadras, foi fortemente criticado em 2014 por cantar "Parabéns pra Você" para o seu "amigo da vida", o dirigente Kim Jong-Un.

- "Uma pequena janela" -

Este ex-colega de Michael Jordan no Chicago Bulls também declarou abertamente seu apoio a Donald Trump durante a campanha presidencial de 2016.

Enquanto isso, o humorista francês Dieudonné, várias vezes condenado por insultos racistas e incitação ao ódio, viajou neste fim de semana a Pyongyang pela primeira vez junto com o ensaísta de extrema direita Alain Soral, ambos convidados pela Korea International Sports Travel Company.

Estes dois polêmicos personagens pretendem "atuar pela paz", mas sem fazer alusão aos mísseis disparados regularmente pela Coreia do Norte.

Não é banal que Dennis Rodman, um atleta de alto nível, participe do jogo ou os convites passem pela Sports Travel Company.

"A promoção do esporte está estritamente ligada à imagem de Kim Jong-Un: um dirigente jovem e enérgico. É também um elemento da política externa, uma maneira de fazer tremular a bandeira nacional um pouco em todas as partes do mundo e de dar uma imagem mais simpática ao país", escreveu o ensaísta e jornalista Philippe Pons em seu livro "Corée du Nord. Un État-guérilla en mutation" ("Coreia do Norte. Um Estado-guerrilha em mutação", em tradução livre).

Kim Jong-Un é "um dirigente isolado. Pode querer passar a mensagem de que não está (isolado) e que se reúne com personalidades estrangeiras", disse à AFP o professor Lee Yong-Hwa, especialista da península coreana da Universidade de Kansai, em Osaka (oeste).

Essas pessoas são "convidadas por um membro próximo ao dirigente norte-coreano (...), mas isso não tem um significado diplomático. Reflete a política interior da Coreia do Norte", explicou à AFP o professor emérito da Universidade Waseda, Toshimitsu Shigemura.

"Acredito que estas visitas sejam inúteis do ponto de vista das sérias negociações nos bastidores. É uma oportunidade sobretudo para as pessoas que querem fazer valer seu papel de pequena celebridade. Sua única utilidade menor é, às vezes, abrir uma pequena janela sobre Kim Jong-Un e seu círculo mais próximo", acrescentou Daniel Sneider, da Universidade de Stanford.

Dennis Rodman foi efetivamente a única fonte sobre o nascimento do segundo filho de Kim Jong-Un, uma menina chamada Ju-Ae. O terceiro foi anunciado pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Para Kenji Fujimoto, chef de cozinha japonês que durante muito tempo esteve a serviço de Kim Jong-Il, pai de Kim Jong-Un, este último "é feito da mesma madeira que seu ascendente, o rosto, a corpulência e a personalidade".


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