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Estado de Minas

Julgamento contra jornal opositor turco recomeça


postado em 11/09/2017 10:25

Uma nova audiência do julgamento de vários colaboradores do jornal opositor turco Cumhuriyet foi realizada nesta segunda-feira (11), exemplo da erosão da liberdade de imprensa no país.

No total, 17 jornalistas, diretores e outros colaboradores atuais, ou do passado, do Cumhuriyet estão sendo julgados por, supostamente, terem ajudado várias "organizações terroristas armadas". Os acusados podem receber pena de até 43 anos de prisão.

A oposição denuncia a virada autoritária do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, particularmente desde a adoção por referendo em abril de um reforço de seus poderes e das medidas de expurgo após a tentativa de golpe há um ano: cerca de 50.000 pessoas foram presas, e mais de 100.000 demitidas, ou suspensas, do trabalho.

Fundado em 1924, o Cumhuriyet ("República"), um dos decanos da imprensa turca e autor de várias reportagens que irritaram o presidente, denuncia um processo para silenciá-lo.

Ao término da primeira semana de julgamento, no final de julho, um tribunal de Istambul decidiu libertar sete colaboradores do Cumhuriyet presos em outubro, incluindo o cartunista Musa Kart.

Enquanto isso, vários pilares do jornal - como seu diretor, Akin Atalay, seu editor Murat Sabuncu, o colunista Kadri Gürsel e o jornalista investigativo Ahmet Sik - permanecem detidos.

Retratos dos quatro homens, bem como de Yussuf Emre Iper, um contador do Cumhuriyet igualmente julgado, foram publicados na capa da edição do jornal desta segunda-feira sob o título: "Queremos justiça".

A audiência é realizada em Silivri, perto de Istambul, em um tribunal adjacente à prisão de segurança máxima onde os jornalistas estão sob custódia. Na audiência anterior, uma grande multidão esteve presente no julgamento.

Interrogado nesta segunda-feira, Iper é acusado de ter baixado em seu celular o aplicativo ByLock, apresentado pelas autoridades como a ferramenta de comunicação preferida dos golpistas envolvidos no golpe fracassado.

Ele negou ter baixado o aplicativo. "Tinha certeza que seria liberado rapidamente, não tendo esse aplicativo no meu telefone. Em vez de fugir como um culpado ou jogar meu telefone ao mar, implorei ao procurador que examinasse meu telefone (...) Peço minha absolvição neste julgamento vergonhoso", disse ele.

"Eles são julgados simplesmente porque encarnam o jornalismo digno de nome na Turquia e porque não divulgam propaganda do regime de Erdogan", afirmou em frente ao tribunal Christophe Deloire, da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Segundo a acusação, os colaboradores do Cumhuriyet ajudaram três "organizações terroristas": os separatistas curdos do PKK, o pequeno grupo de esquerda radical DHKP-C e o movimento do clérigo exilado nos Estados Unidos Fethullah Gülen. Este último é acusado por Ancara de ser o instigador da tentativa de golpe, o que ele nega.

Segundo o site P24, especializado na liberdade de imprensa, cerca de 170 jornalistas estão presos na Turquia.

Se os jornalistas turcos são, de longe, os mais afetados, seus colegas estrangeiros também têm sido alvos. Deniz Yücel, jornalista turco-alemão, está preso desde fevereiro, e Loup Bureau, um jovem repórter francês, desde o final de julho.


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