O presidente filipino Rodrigo Duterte chamou de "herói" o falecido ditador Ferdinand Marcos, em mais um capítulo da tentativa de reabilitar um período marcado por graves violações dos direitos humanos e acusações de corrupção.
Duterte multiplica os esforços para restaurar o prestígio de Marcos, destituído há 31 anos por uma revolta popular.
A família de Marcos e seus aliados se preparam para celebrar na segunda-feira o centenário do nascimento do autocrata que faleceu no Havaí em 1989.
Rodrigo Duterte, que apresenta o ex-presidente como o "melhor" da história do país, surpreendeu os filipinos ao autorizar no ano passado o traslado de seu corpo ao cemitério dos heróis da nação em Manila.
Na quinta-feira afirmou que o 11 de setembro seria um "dia festivo especial" na província de Ilocos Norte, reduto da família Marcos.
"Era um presidente. Para os habitantes de Ilocos, era o melhor presidente. Por quê deve existir um debate sobre este assunto?", questionou Duterte no sábado.
"No que diz respeito aos habitantes de Ilocos, Marcos é um herói e todas as críticas contra ele não são mais do que estúpidas", completou Duterte, conhecido por não ter papas na língua.
Duterte, que também é acusado de abusos contra os direitos humanos, é amigo da família Marcos e teve um papel fundamental nos esforços do clã para retornar à vida política.
Os opositores do regime de Ferdinand Marcos denunciam uma tentativa de ignorar seus crimes.
Eleito presidente em 1965, e reeleito em 1969, Marcos decretou lei marcial em 1972 e governou o arquipélago com mão de ferro até a revolução de 1986, que o obrigou a fugir com a família para os Estados Unidos.
Ele foi acusado de violações ao direito humano em larga escala e pelo desvio de 10 bilhões de dólares em recursos públicos.
A família Marcos foi autorizada a retornar às Filipinas após a morte do patriarca, cujo corpo embalsamado estava em um mausoléu da residência familiar em Ilocos Norte antes de seu traslado para o Cemitério dos Heróis.
O clã Marcos retornou ao cenário da política nacional nos últimos anos. Nenhum de seus integrantes foi preso.
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