Ela usa tênis, faz rap e já participou de um reality show. Agora a freira María Valentina de los Ángeles realizará o sonho de cantar para o papa Francisco em sua visita à Colômbia.
Conhecida por sua alegria e carisma, esta jovem bogotana de pele morena e baixa estatura colabora com o grupo musical vencedor de um concurso local que elegeu o hino que tornará mais agradável o percurso do papa.
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Vai ser "uma oportunidade para mostrar a ele nosso carinho através do que sabemos fazer, que é música", disse à AFP María Valentina, de 28 anos, que cantará a canção com cerca de 20 concertistas da fraternidade Músicos Católicos Unidos (MCU).
A religiosa se tornou conhecida no país após participar, no ano passado, do reality show "A otro nivel", no qual fez um rap com tanta "naturalidade" que os MCU a convidou para compor e cantar uma estrofe da canção que acabou sendo eleita, no início de agosto, como o ritmo oficial de Francisco na Colômbia.
"A Colômbia te recebe com os braços abertos / a uma só voz te dizemos muito contentes / bendito seja Deus, que em sua sabedoria te trouxe a nossas terras para ser seu guia", diz o rap da freira.
"Fica na cabeça"
Amante de todos os gêneros musicais, contanto que tenham "um conteúdo bonito e profundo", a jovem freira destaca o espírito de protesto do rap, o ritmo com raízes negras surgido nos Estados Unidos na década de 1960.
"O maravilhoso do rap é que ele fica na cabeça muito facilmente, e quando tem a profundidade de uma verdade, que é Cristo, é ainda mais chamativo", afirma.
María Valentina considera que este gênero reivindicativo é adequado à ordem papal aos jovens: "fazer bagunça".
"Bagunça no contexto e na linguagem do santo padre é ser diferente, é ser atrevido levando uma mensagem de alegria, esperança, de caridade", explicou.
Por isso, acredita que a mistura de sons de "Demos el primer paso" vai agradar ao papa.
Francisco "é latino, mas nossa intenção, mais que agradar ao santo padre, é ser igreja e que todas as pessoas possam cantar conosco", acrescentou.
Evangelizar com música
María Valentina não é uma freira tradicional. Diz que por "conforto" prefere usar tênis em vez de sandálias. Toca ukelele e na adolescência foi guitarrista de rock.
Além disso, superou o Nash (esteato-hepatite não-alcoólica), uma doença diagnosticada quando ela era criança e que a obrigaria a fazer um transplante de fígado quando chegasse à maioridade.
Aos 16 anos, porém, os médicos se surpreenderam, conta, porque após um exame de rotina não encontraram rastro da doença.
"Meu sonho é ser uma boa religiosa, e fazer música é um segundo sonho. Quero gravar mais e quero que as pessoas, mas que se apaixonem pela minha voz, se apaixonem por Jesus", disse.
Além do seu reconhecimento como solista, que lhe permitiu gravar um disco intitulado "Dime y dame", a religiosa faz parte da Comunidad de las Comunicadoras Eucarísticas del Padre Celestial, da Arquidiocese de Cali.
Essa comunidade surgiu após o pedido de João Paulo II aos artistas para que evangelizem através de suas criações.
"Na igreja há vários ritmos, há várias pessoas que têm diferentes formas de amar e de louvar a Deus", afirmou a madre superiora, Gabriela del Amor Crucificado, à AFP.
Na congregação há uma produtora de televisão e um grupo musical, que conta com a participação de María Valentina, que gravou duas produções discográficas.
"Ele (Deus) quer ser conhecido através dos meios, e (...) deve-se fazer com que seja conhecido com o que é tendência", afirma María Valentina.
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