O social-democrata Martin Schulz passou à ofensiva neste domingo, a três meses das eleições legislativas na Alemanha, e acusou de "arrogância" a chanceler Angela Merkel, que tem grande vantagem nas pesquisas.
Em um congresso de seu partido, o SPD, neste domingo em Dortmund, em pleno coração da região operária do Ruhr, o ex-presidente do Parlamento Europeu tentou criar um novo estímulo para sua campanha, um tanto estagnada, e atacou frontalmente a chanceler conservadora.
"O maior risco é a arrogância do poder, as pessoas sentem", afirmou em seu discurso Schulz, de 61 anos, em referência ao Partido Democrata-Cristão (CDU) da chanceler, no poder desde 2005 e que aspira um quarto mandato, o que seria histórico em termos de longevidade.
Há três meses tudo parecia seguir muito bem para Schulz.
Mas o "efeito Schulz" derreteu em poucos meses, com três eleições regionais vencidas com folga pelo partido CDU da chanceler.
A tarefa para reconquistar a opinião pública se anuncia difícil para Schulz, novato no cenário político alemão.
De fato, desde então Merkel não para de subir nas pesquisas. A mais recente mostra a CDU com uma vantagem de 15 pontos sobre o SPD (39% contra 24%).
Schulz está agora decidido a contra-atacar e criticou neste domingo a adversária por "calar sistematicamente os debates sobre o futuro do país", atitude que chamou de "ataque contra a democracia".
O discurso é uma alfinetada na estratégia política de Merkel nos últimos anos: evitar os conflitos diretos e passar a imagem de tranquilizadora estabilidade, da qual se beneficia entre a opinião pública.
Martin Schulz detalhou seu programa, que tem como tema a "justiça social". Ele prometeu uma redução dos impostos para as classes populares e maior pressão fiscal para os mais ricos. Com isso, o SPD espera apresentar um discurso mais à esquerda para tentar compensar a desvantagem nas pesquisas.
Schulz se comprometeu, se for eleito chanceler, a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, tema sobre o qual os conservadores de Merkel não querem ouvir falar. O candidato do SPD estabeleceu a questão como uma condição para futuros acordos de coalizão.
Os democratas-cristãos de Merkel - que governam desde 2013 em coalizão com os social-democratas a nível federal - poderiam abrir mão do SPD na próxima coalizão graças a uma aliança com os liberais do partido FDP, o que representaria um Executivo mais à direita.
Em um clima de incerteza global gerado pelo Brexit, a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e o avanço do populismo em alguns países, Merkel representa um polo estabilidade que tranquiliza a opinião pública alemã.
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