O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, acusou nesta segunda-feira (22) os separatistas catalães de chantagear o Estado, ao ameaçarem declarar a separação da Catalunha, caso Madri impeça a realização de um referendo de autodeterminação.
Com base em um artigo do jornal El País, Rajoy acusou o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, de preparar "uma ruptura de toda a regra do que hoje é a Espanha".
Segundo o jornal que cita um documento secreto, Puigdemont e os partidos separatistas que controlam o Parlamento regional contemplam declarar unilateralmente a separação, se Madri não permitir a organização de um referendo.
"São intoleráveis a chantagem e a ameaça feita", disse Rajoy em entrevista coletiva.
O jornal El País publicou essa informação no mesmo dia em que os dirigentes separatistas catalães, liderados por Puigdemont, pressionaram o governo espanhol a negociar o referendo em uma reunião na prefeitura de Madri.
"À imagem e semelhança do Reino Unido e da Escócia.
"Esperaremos até o último minuto da prorrogação", mas "jamais renunciaremos a que os cidadãos catalães votem para decidir o futuro político da Catalunha, ainda que o governo espanhol continue negando tudo", destacou.
Puigdemont, que promove a consulta para setembro, qualificou como um "erro" levar o projeto do referendo ao Congresso dos Deputados, como foi solicitado pelo governo de Rajoy, sem acordá-lo previamente com Madri.
Seria um "álibi para desfocar a ausência de vontade política do governo", advertiu, citando as duas falhas de propostas soberanistas anteriores no Parlamento: em 2014, para um referendo na Catalunha, e em 2005, para um regime de "livre associação" do País Basco com a Espanha.
Segundo a última pesquisa de um organismo dependente do governo catalão divulgada em março, 48,5% dos habitantes da região se opõem à separação, e 44,3% a apoiam.
As informações do El País foram negadas pela coalizão separatista que comanda a Catalunha, a Juntos Pelo Sim, que afirmou que o referendo acordado é "a prioridade total".
O governo de Rajoy insiste, porém, em seu rechaço categórico ao referendo, enquanto a Justiça espanhola o considera inconstitucional.
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