O presidente americano Donald Trump atacou diretamente o Irã nesta segunda-feira no primeiro dia de sua visita a Israel, enquanto observou uma "rara oportunidade" na convergência de interesses entre os países árabes e Israel frente à República Islâmica e o extremismo.
"Os Estados Unidos e Israel podem afirmar a uma só voz que o Irã jamais deve possuir uma arma nuclear - jamais - e deve parar o financiamento, treinamento e equipamento de terroristas e milícias", declarou Trump algumas horas depois de chegar a Israel.
"Deve parar imediatamente", acrescentou durante um breve discurso depois de conversas em Jerusalém com seu colega israelense Reuven Rivlin, três dias depois da reeleição do moderado Hassan Rohani à presidência do Irã.
Apesar da escolha "de entendimento com o mundo" feita pelos iranianos segundo Rohani, este último rapidamente voltou a ser pressionado pelos Estados Unidos.
Em Israel, Trump encontra um país profundamente preocupado com a influência regional do Irã, seu apoio a organizações como o Hezbollah, um dos grandes inimigos de Israel, e suas atividades nucleares.
"Para poder sonhar, devemos ter certeza de que o Irã está longe, muito longe de nossas fronteiras, longe da Síria, do Líbano", declarou Rivlin a Trump.
Em resposta ao presidente americano, Hassan Rohani declarou que seu país continuará, "enquanto houver necessidade, a realizar testes de mísseis".
- 'Laços indestrutíveis' -
Logo após chegar a bordo do primeiro voo direto entre Arábia Saudita e Israel, Trump exaltou os "laços indestrutíveis" entre Israel e os Estados Unidos.
Após a cúpula dos líderes árabes na Arábia Saudita e antes das da Otan e do G7 nos próximos dias, ele evocou uma ampla convergência de interesses na luta contra o extremismo que, segundo ele, oferece "uma rara oportunidade" para a paz na região.
"Nos seus vizinhos árabes, percebemos cada vez maisq ue há uma causa comum com vocês (face) a ameaça representada pelo Irã", disse ele.
Ele deixou claro que esta "oportunidade rara" também valia para o conflito israelense-palestino.
"Posso dizer-lhe que gostaríamos de ver Israel e os palestinos em paz", afirmou.
Trump chegou precedido por sua intenção proclamada de presidir um dia um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
Ele mergulhou nesta segunda-feira nas complexidades israelense-palestinas ao visitar o Santo Sepulcro, o local mais sagrado do cristianismo, e o Muro das Lamentações, o local de oração mais sagrado para os judeus.
Trump tornou-se o primeiro presidente americano em exercício a visitar o local, e não esteve acompanhado por qualquer líder israelense.
O Muro tem vista para a Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo para os judeus), o terceiro local mais sagrado do Islã.
Esses três pontos estão localizados em Jerusalém Oriental, a parte palestina ocupada por Israel desde 1967 e anexada em 1980.
- Medidas de confiança -
Israel considera toda a Jerusalém como sua capital "indivisível", enquanto os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado que aspiram.
Trump prometeu durante sua campanha reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e transferir para lá a embaixada dos Estados Unidos atualmente em Tel Aviv, rompendo com a política da comunidade internacional e com décadas de diplomacia americana. Estas promessas parecem ter sido revisadas diante dos riscos.
Trump deve encontrar no final do dia com Netanyahu antes de viajar na terça-feira para a Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel, onde se encontrará com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Belém.
A paz nunca pareceu tão longe em muitos anos. As últimas negociações entre israelenses e palestinos, sob os auspícios americanos, morreram em abril de 2014.
Trump procura primeiro "facilitar" a retomada do esforço de paz e obter de ambos os lados compromissos e medidas de confiança, segundo sua equipe de governo.
O governo israelense aprovou no domingo à noite, "a pedido" de Trump, medidas para facilitar a vida dos palestinos e apoiar a sua economia, particularmente suas viagens ao exterior e a movimentação de dezenas de milhares de palestinos que vão trabalhar todos os dias em Israel.
.