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Estado de Minas

Assassinato de jornalista revolta o México


postado em 16/05/2017 08:25

O México se prepara para viver nesta terça-feira várias manifestações ao longo do país pelo assassinato do jornalista Javier Valdez, especializado em crime organizado e colaborador da AFP há mais de uma década, cuja morte provocou uma onda de indignação.

Valdez foi baleado na segunda-feira ao meio-dia em Culiacán, capital do estado de Sinaloa (noroeste), perto dos escritórios do Ríodoce, o semanário que fundou em 2003 e que se converteu em uma plataforma a partir da qual narrou os estragos da violência e do narcotráfico. Também era correspondente do jornal mexicano La Jornada.

Sua morte elevou a cinco os repórteres assassinados durante o ano no México, o terceiro país mais perigoso do mundo para exercer esta profissão, segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

A capital mexicana acolherá uma manifestação organizada por vários coletivos jornalísticos. O mesmo acontecerá em diferentes pontos de Sinaloa, onde seus colegas e amigos pedirão justiça.

A AFP, por meio de sua diretora de informação Michele Leridon, lamentou o assassinato de Valdez, que sempre demonstrou extrema valentia.

"Pedimos às autoridades mexicanas que esclareçam este covarde assassinato", destacou Leridon.

- "Eles decidem" -

Valdez, de 50 anos e pai de família, dedicou grande parte de suas quase três décadas de carreira a investigar as atividades dos cartéis, em especial o de seu estado liderado há até pouco tempo pelo sanguinário Joaquín "El Chapo" Guzman.

Sua última colaboração com a AFP foi precisamente para informar sobre a guerra interna desencadeada desde a extradição de Guzmán entre várias facções que disputam a liderança da organização.

Ao longo de sua trajetória, foi consciente do perigo que corria, mas nada o deteve.

"Em Culiacán, Sinaloa, é perigoso estar vivo e fazer jornalismo é caminhar sobre uma invisível linha marcada pelos maus que estão no narcotráfico e no governo (...). Uma pessoa deve cuidar de tudo e de todos", disse em 2011, quando recebeu o Prêmio Internacional da Liberdade de Imprensa do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ).

Durante uma das apresentações de seu último livro, "Narcojornalismo, a imprensa em meio ao crime e à denúncia", também reconheceu que "ser jornalista é como formar parte de uma lista negra. Eles decidirão, embora você tenha blindagem e escoltas, o dia em que vão te matar".

Valdez, que também ganhou o María Moors Cabot da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia (EUA), não havia dado sinais de estar ameaçado, como confirmou o procurador de Sinaloa.


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