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Estado de Minas

A vertiginosa queda das reservas de divisas na China


postado em 08/02/2017 18:37

As colossais reservas de divisas chinesas tiveram um quarto nos últimos dois anos, e embora se mantenham em cerca de 3 trilhões de dólares, o fenômeno suscita certa preocupação no rumo financeiro do gigante asiático.

O que essas reservas representam?

As reservas cambiais são depósitos de moeda estrangeira acumuladas pelo Banco Central chinês em espécie, títulos e ativos financeiros.

Com quase três trilhões de dólares no final de janeiro, Pequim possui as maiores reservas do mundo.

O regime comunista não revela sua composição, mas segundo estimativas do gabinete chinês CICC, dois terços das mesmas seriam dólares (66,7%), cerca de 20%, euros, e em torno de 10%, libras esterlinas.

Qual é a sua importância?

Durante anos, as reservas de divisas da China cresceram sem parar, refletindo seu enorme excedente comercial em um momento em que o país desempenhava o papel de "fábrica do mundo".

Esses depósitos, que chegaram a 4 trilhões de dólares em 2014, são compostos na sua maior parte por bônus do Tesouro americano: a China foi durante muito tempo a maior credora da dívida do país, antes de ser desbancada, recentemente, pelo Japão.

Nos últimos seis meses perdeu 130 bilhões de dólares de títulos americanos, ainda possui 1,12 trilhão de dólares de sua dívida, fato que se apresenta regularmente como uma arma do regime comunista contra Washington.

Por que essa queda nas reservas?

As reservas chinesas ficaram reduzidas em 1 bilhão de dólares desde 2014. A desaceleração da economia chinesa (que se encontra no seu nível de crescimento mais baixo dos últimos 26 anos) e o desmoronamento do iuane desde 2015 levaram os investidores e as empresas a tirar seu dinheiro do país, rumo a lugares considerados mais seguros e rentáveis.

Essas grandes fugas de capital (estimadas em 1 trilhão de dólares em 2015 e em 700 bilhões em 2016) precipitaram a desvalorização do iuane, que no ano passado caiu 7% em relação ao dólar.

O Banco Central chinês usou uma parte importante de suas economias para comprar iuanes a fim de estabilizar a cotação da moeda, e o êxito foi relativo: a divisa se encontra em seu nível mais baixo em relação ao dólar há oito anos.

Três trilhões de dólares, é grave?

Segundo as recomendações do Fundo Monetário Internacional, a China precisa conservar pelo menos 2,6 trilhões de dólares em suas reservas para garantir sua capacidade de pagamento: um mínimo que poderá chegar se neste ano perder tanto quanto em 2016.

No entanto, cair menos do que 3 bilhões de dólares é importante do ponto de vista psicológico: "O recuo abaixo desse patamar pode sugerir que as reservas continuarão despencando", observa Zhao Yang, do Nomura.

Frente à hemorragia de capitais, o governo continuará recorrendo às reservas, que "poderão diminuir em 450 bilhões de dólares em 2017", segundo Louis Kuijs, da Oxford Economics.

Segundo este analista, Pequim poderia dar prioridade a outros métodos para estabilizar o iuane, endurecendo ainda mais as restrições sobre as transferências de capitais, os investimentos das empresas no exterior e as operações de conversão para os particulares.

E agora o quê?

O presidente americano Donald Trump prometeu um ambicioso plano para a recuperação econômica, o que poderá supor uma nova alta do dólar.

Esse eventual aumento, assim como dos juros nos Estados Unidos, estimula a fuga de capitais na China.

Pequim enfrenta assim um dilema, considera Rajiv Biswas, da IHS Global Insight, e tem duas alternativas: continuar esgotando suas reservas cambiais até entrar em terreno perigoso ou tolerar a queda contínua do iuane, arriscando que isso desestabilize sua economia e aumente os temores dos poupadores.


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