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Estado de Minas

Como o que consumimos afeta as espécies ameaçadas


postado em 04/01/2017 18:22

Que impacto tem consumir nos Estados Unidos um café centro-americano ou um azeite de oliva espanhol para a fauna dos países de origem desses produtos? Pela primeira vez, um mapa global detalha como as exportações ameaçam as espécies.

O estudo, publicado nesta quarta-feira, divulga aos consumidores dos Estados Unidos, China, Japão e União Europeia como os produtos exportados têm um impacto sobre a biodiversidade que se encontram a milhares de quilômetros.

Para obter café ou tofu, por exemplo, foram arrasadas florestas em Mato Grosso (Brasil) ou Sumatra (Indonésia), agravando a situação das espécies já em risco de extinção.

Os produtos manufaturados, de iPhones a móveis Ikea, também contribuem para o declínio da vida selvagem, de acordo com o estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution.

Um estudo anterior havia concluído que 30% das espécies ameaçadas haviam chegado a esta situação em razão do comércio internacional.

O novo relatório, que incidiu sobre cerca de 7.000 espécies marinhas e terrestres ameaçadas, aponta para os países que colocam a biodiversidade em perigo devido aos produtos que importam.

Assim, o consumo nos Estados Unidos ameaça as espécies na costa leste e oeste do sul do México, na América Central, no sul da Europa, Sahel, Sudeste Asiático ou Canadá.

Uma das revelações é que a produção de azeite na Espanha e Portugal que se exporta para os Estados Unidos tem um efeito direto sobre o lince-ibérico - em perigo de extinção - devido à construção de barragens para controle de irrigação.

Outro fato: cerca de 2% da ameaça sobre a rã arlequim no Brasil pode ser atribuída diretamente a produção de bens para os Estados Unidos.

No sul do Brasil, o desmatamento para os pastos destinados à pecuária põe em perigo o macaco aranha, uma espécie também ameaçada pela produção de café na América Central.

Extinção em massa

"Nós identificamos lugares ameaçados principalmente por um pequeno número de países", disse à AFP um dos autores do estudo, Keiichiro Kanemoto, professor da universidade japonesa de Shinshu.

O mapa "deveria facilitar a colaboração direta entre produtores e consumidores", acrescentou.

Atualmente, 90% dos mais de 6 bilhões de dólares mobilizados a cada ano para a conservação das espécies é investido em países ricos onde o dinheiro é recolhido.

Para os especialistas, é urgente encontrar novas soluções para a perda de biodiversidade.

A Terra entrou em uma era de "extinção em massa", em que animais e plantas estão desaparecendo 1.000 vezes mais rápido do que alguns séculos atrás, de acordo com cientistas.

Nos últimos 500.000 anos houve apenas seis eventos como este e alguns deles exterminaram 95% de todas as formas de vida.

Os cálculos deste estudo não cobrem o impacto do comércio ilegal na vida selvagem, tais como a caça de elefantes para obter marfim, ou captura de pássaros exóticos e répteis para venda como animais de estimação.

Muitos animais e plantas estão protegidos pela Convenção das Nações Unidas sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção e Fauna e Flora Selvagens (CITES).

Mas o tráfico ilegal, no valor de 150.000 milhões de dólares por ano, ainda continua forte.


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