Jornal Estado de Minas

Desemprego na zona do euro fica abaixo de 10% pela primeira vez desde 2011

O desemprego na zona do euro caiu em outubro a 9,8%, abaixo, portanto, da barreira simbólica de 10%, ainda que seu nível continue superior ao de antes da crise econômica de 2007-2008.

O número de desempregados se situou, desta maneira, em setembro e outubro abaixo de 10% pela primeira vez desde abril de 2011 (9,9%), anunciou a agência europeia de estatísticas Eurostat, que revisou ainda o resultado de setembro de 10% a 9,9%.

"Este é um sinal de encorajamento. Agora é preciso acelerar os investimentos, aplicar políticas orçamentárias inteligentes e reformas que valorizem o capital humano", declarou à AFP o comissário europeu para os Assuntos Econômicos, Pierre Moscovivi.

"A retomada é clara: é preciso agora reforçá-la e fazer com que beneficie a todos, para reduzir as desigualdades que aumentaram nos últimos anos", acrescentou.

No pior momento da crise da dívida, o desemprego havia atingido a taxa recorde de 12,1% em abril, maio e junho de 2013 na zona do euro.

Desde então, a situação econômica passou a melhorar gradativamente, mas o desemprego continua muito mais elevado do que a taxa média registrada antes da crise financeira de 2007-2008, que era de 7,5%.

Incertezas políticas

Nas previsões do outono, reveladas em 9 de novembro, a Comissão Europeia falava de uma baixa lenta, mas contínua na zona do euro: 10,1% em 2016, 9,7% em 2017 e 9,2% em 2018.

"A melhora do mercado de trabalho e, consequentemente, do consumo das famílias é um dos pontos-chave para o crescimento da zona esses próximos meses", ressaltou Howard Archer, analista do IHS.

"No entanto, a preocupação é crescente em razão das incertezas políticas que pesam sobre o emprego e o investimento nesta zona", indica, apontando para as eleições na Holanda (março), na França (abril e maio) e na Alemanha (setembro).

Além disso, após a decisão por referendo dos britânicos de deixar a UE, o referendo constitucional na Itália no domingo é observado com muita atenção, porque poderá servir de trampolim para os populistas.

Entre os 19 países da Eurozona as disparidades continuam grandes. Na Alemanha, primeira economia do bloco, a taxa de desemprego é de apenas 4,1%, enquanto na República Tcheca a taxa é de 3,8%.

A Espanha e Grécia, fortemente afetadas pela crise, têm os maiores índices: 23,4% (em agosto de 2016, último dado disponível) para a primeira e 19,2% em outubro para a segunda.

A França, segunda maior economia da zona do euro, registrou uma queda de 9,9% em setembro a 9,7% em outubro, uma tendência similar no período em vários países, como Itália (de 11,7% a 11,6%) e Portugal (de 10,9% a 10,8%).

O resultado de outubro para a zona do euro, o menor índice desde julho de 2009, é levemente inferior à estimativa dos analistas da agência Bloomberg (10%). Em número de desempregados, a Eurostat calcula que 15,9 milhões de europeus não têm trabalho.

Apesar da queda, o desemprego entre os jovens permanece estável em um nível muito elevado na Eurozona (20,7%).

Uma situação que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, lamentou em seu discurso sobre 'o estado da União' em setembro passado no Parlamento Europeu.

"Eu nunca vou aceitar que a Europa seja e continue sendo o continente de desemprego entre os jovens", disse ele, pedindo esforços dos governos nacionais.

Nesta quinta-feira, a comissária europeia para o Emprego, Marianne Thyssen, prometeu que o executivo da UE continuará com os esforços "com a apresentação de um pacote para a juventude na próxima semana, que incluirá medidas adicionais para estimular o emprego jovem".

Entre os países mais afetados, mais uma vez está a Grécia: 46,5% em agosto, e a Espanha 43,6%. Na França, a taxa está acima da média: 25,8%.

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