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Estado de Minas ARTES

Música e poesia em luto pela morte de Leonard Cohen

Autor de ''Hallelujah'', que virou monge budista e saiu do exílio para recuperar o dinheiro roubado pelo empresário, faleceu nessa quinta-feira, aos 82 anos de idade


postado em 11/11/2016 01:20 / atualizado em 11/11/2016 01:52

Leonard Cohen lançou seu último álbum no mês passado(foto: Diego Tuson/AFP)
Leonard Cohen lançou seu último álbum no mês passado (foto: Diego Tuson/AFP)
 

O lendário cantor e compositor Leonard Cohen, cujo trabalho inspirou músicos por mais de cinco décadas, morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos. A gravadora de Cohen confirmou a notícia por meio da página oficial do artista no Facebook.

“É com profundo pesar que informamos que o lendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen faleceu”, diz a nota oficial.

“Perdemos um dos mais reverenciados e profícuos visionários da música. As cerimônias fúnebres em memória a ele acontecerão em Los Angeles, em data a ser divulgada. A família pede privacidade durante seu período de luto.” A causa da morte não foi divulgada.

Cohen foi uma espécie de líder velado de um pequeno grupo de cantores e compositores extremamente influentes que emergiram nos anos 60 e no início dos anos 70.

“Entre eles, apenas Bob Dylan alcançou uma influência mais profunda em sua geração e talvez apenas Paul Simon e seu colega canadense Joni Mitchell se igualam a ele como letrista”, descreveu a revista Rolling Stone. Ele foi também um dos poucos artistas de sua geração a experimentar o sucesso no topo de seus 80 anos, lançando um álbum final, You Want It Darker, mês passado. “Nunca senti que houvesse um fim”, disse Cohen em 1992 . “Que eu me aposentaria ou encerraria minha carreira.”

Vida


Leonard Norman Cohen nasceu em 21 de setembro de 1924, em Westmount, na província canadense de Quebec. Ele aprendeu a tocar violão na adolescência e montou um grupo folk chamado Buckskin Boys. Sua amizade precoce com o escritor espanhol Federico Garcia Lorca o levou ao mergulho na poesia - enquanto um professor de violão flamenco o convenceu a trocar as cordas de seu violão, de aço, para náilon.

Depois de se formar na McGill University, Cohen se mudou para a ilha grega de Hydra, onde comprou uma casa por US$ 1.500 com a ajuda de uma modesta poupança herdada do pai, que morreu quando Leonard tinha apenas 9 anos. Enquanto viveu em Hydra, Cohen publicou a coletânea poética Flowers for Hitler (1964) e os romances The Favourite Game (1963) e Beautiful Losers (1966). Frustrado diante da fraca venda dos livros e cansado de trabalhar na indústria de vestuário de Montreal, Cohen foi a Nova York em 1966, à procura de imersão na robusta cena de folk-rock da época na cidade. Foi lá que ele conheceu a cantora folk Judy Collins, que mais tarde, ainda naquele ano, incluiu duas de suas músicas em seu álbum In My Life, incluindo o hit Suzanne.

Seu pequeno círculo de amizades em Nova York incluía nomes como Andy Warhol, o Velvet Underground e, acima de todos, a cantora alemã Nico, que parece ter inspirado o requintado álbum Songs de Leonard Cohen, lançado em 1967. Depois disso, Cohen se tornou rapidamente o compositor preferido de artistas como Collings, James Taylor, Willie Nelson e outros.

Seus dois álbuns seguintes, Songs From a Room (1969) e Songs of Love and Hate (1971), contaram com a primorosa produção de Bob Johnston e um grupo selecionado de músicos que incluía Charlie Daniels. "Um dos motivos porque faço turnês é para conhecer pessoas”, disse à revista Rolling Stone em 1971. “Considero isso um reconhecimento. Você sabe, eu me considero mais como uma operação militar. Não me sinto como um cidadão.”

O relacionamento de Cohen com Suzanne Elrod durante a maior parte dos anos 70 resultou em dois filhos, a fotógrafa Lorca Cohen e Adam Cohen, líder da banda de pop rock Low Millions. Cohen ficou conhecido por seus relacionamentos fugazes e suas relações mais estáveis foram com suas backing vocals Laura Branigan, Sharon Robinson, Anjani Thomas e, acima de todas, Jennifer Warnes, com quem dividiu a autoria de canções e produções musicais.

Depois de se permitir uma variedade de estilos internacionais em Recent Songs (1979), Cohen concordou em dividir os vocais com Warnes em Various Positions, álbum que incluiu Hallelujah, música que tornaria Cohen mundialmente famoso, graças à interpretação que Jeff Buckley deu a ela em 1994. Entretanto, sua grandeza não foi reconhecida por sua gravadora da época, a Columbia Records, que o informou que não lançaria o disco. Um bilhete escrito pelo diretor do selo, Walter Yetnikoff, dizia “Veja bem, Leonard, nós sabemos que você é ótimo, mas não sabemos se é bom o suficiente”.

Cohen voltou para a gravadora em 1988, com I´m Your Man, um álbum com humor ácido e comentários sociais que deu início ao estilo que ele continuaria seguindo em The Future (1992).

Retiro zen


Em 1995, Cohen pausou sua carreira, entrou para um mosteiro zen budista nos arredores de Los Angeles, onde foi ordenado monge budista e adotou o nome de Jikan (que significa “silêncio”). Suas tarefas no mosteiro incluíam cozinhar para Kyozan Joshu Sasaki Roshi, que foi mentor de Cohen por muito tempo, até morrer, em 2014, aos 104 anos. Leonard Cohen quebrou seu silêncio musical em 2001, com Ten New Songs, uma colaboração com Sharon Robinson, e Dear Hearther (2004), um projeto em parceria com a namorada Anjani Thomas.

Embora nunca tenha abandonado o judaísmo, o semita respeitador do sabbath atribuiu ao budismo o controle dos "episódios deprimentes que sempre o cercavam".

Por dinheiro


O ato final da carreira de Cohen começou em 2005, quando Lorca Cohen começou a suspeitar que o empresário de seu pai, Kelley Lynck, estava desviando dinheiro de suas reservas para a aposentadoria. Na verdade, Linch roubou mais de US$ 5 milhões de Cohen. Para recompor a poupança, Cohen decidiu fazer uma turnê épica pelo mundo, com 247 shows entre 2008 e 2010.

Depois da turnê, ele continuou a gravar, lançando Old Ideas (2012) e Popular Problems, que chegou às lojas, nos Estados Unidos, um dia depois de seu 80º aniversário, em 2014. “Você precisa de uma certa resiliência sobre a qual você não tem controle, mas que está presente”, disse Cohen à Rolling Stone, na ocasião do lançamento desse álbum. "E, se você sente essa resiliência ou sente essa capacidade de continuar, isso significa muito mais na minha idade do que quando eu tinha 30 anos e contava com ela como certa."

 

* Com informações da revista Rolling Stone


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