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Estado de Minas

Região afetada pela desindustrialização pode decidir eleição nos EUA


postado em 22/09/2016 10:52

A eleição do próximo presidente dos Estados Unidos pode depender do chamado "rust belt", vasta região do nordeste do país - devastada pela desindustrialização - onde Hillary Clinton e Donald Trump disputam voto a voto a preferência das classes populares brancas.

O "cinturão do ferrugem" (tradução literal de "rust belt") se estende como um arco em torno dos Grandes Lagos, sobretudo na Pensilvânia e em Ohio. Se esses dois estados, nos quais o atual presidente, Barack Obama, triunfou nas últimas duas eleições, se voltarem para os republicanos em novembro, Donald Trump teria grandes chances de chegar à Casa Branca.

Grandes cidades como Filadélfia, Pittsburgh e Cleveland, onde a população negra é especialmente numerosa, aparecem como redutos dos democratas.

Mas as zonas rurais e as pequenas cidades são povoadas por descendentes dos operários das fábricas de vidro, das minas de carvão e dos enormes fornos que forjaram a riqueza da região desde o século XIX até o fim da década de 1970.

Durante as últimas semanas, Donald Trump se dirigiu a esses trabalhadores e funcionários não-qualificados, e em sua maioria brancos, com a promessa de reindustrializar a região e priorizar os americanos "de linhagem pura" no acesso a empregos.

Johnstown é um símbolo do descontentamento que existe entre a classe trabalhadora com o Partido Democrata. Às margens do rio Conemaugh e ao longo dos trilhos do trem, que no passado eram fabricados nessa área, grandes siderúrgicas fechadas há 25 anos continuam de pé, convertidas em monumentos históricos.

Devido à falta de trabalho, a cidade vai se esvaziando. As 20.000 pessoas que hoje a povoam são muito mais conservadoras do que seus antepassados na época de ouro.

"Estão mudando de lado porque Trump fala com eles da forma como gostam", diz o presidente do partido Democrata do condado de Cambria, Frank Fantauzzo, um ex-operário e dirigente sindical.

Em 1992, o democrata Bill Clinton ganhou neste condado, mas duas décadas depois, em 2012, foi o republicano Mitt Romney que conquistou a vitória.

Entretanto, os democratas não desistiram. Hillary Clinton escolheu Johnstown para fazer uma visita após ter sido nomeada, em julho, para promover seu plano de relançamento industrial.

Cartazes de Trump

Mas Donald Trump está à espreita. Em junho esteve no sul de Pittsburgh e em agosto na parte mais conservadora da Pensilvânia, sempre com promessas de recuperar a tradição manufatureira desse antigo cinturão industrial.

Na área rual, durante a feira anual de Ebensburg - localidade de 3.000 habitantes -, por exemplo, encontrar um potencial eleitor de Hillary Clinton parece uma tarefa impossível.

Na feira, vários militares aposentados manifestaram sua confiança em Trump, afirmando que o candidato possui a força suficiente para levar o país adiante.

Scott, um mecânico de 44 anos, acredita também que o magnata republicano é capaz de "comandar o país como um homem de negócios e não como um político".

"Sou partidário de Trump porque ele adora o carvão", assinala Ryan Weakland, um jovem de 22 anos, que trabalha como operário.

Quanto mais se distanciam das grandes cidades como Pittsburgh, mais aumenta o desemprego e mais cresce o respaldo a Trump.

Em Altoona, na sede republicana, um jornalista da AFP viu um animado grupo de pessoas solicitar cartazes de propaganda e saírem decepcionados porque haviam esgotado.

"Esse ano tem sido uma loucura", conta Lois Kaneshiki, presidente local do partido. "A diferença entre 2012 e este ano, com Trump, é exponencial", afirmou.

E por que os discursos do magnata têm tanto impacto nessa região?

Os projetos anti-imigração do republicano são uma explicação de seu sucesso, ainda que os democratas locais dificilmente admitam.

Allen Kukovich, um ex-legislador democrata que vive em uma casa construída em um terreno que sua família ocupa há cinco gerações, encontra uma correlação entre a intolerância e o distanciamento dos grandes centros econômicos.

As pessoas das zonas rurais e das pequenas cidades "têm uma tendência a acusar os outros e apoiar os políticos que exploram seu temor", diz.

Harriet Ellenberger, filha de um ferroviário, ainda não acredita que seu vizinho exibia seu apoio a Trump com um cartaz colocado em seu jardim.

"Talvez eu só esteja furiosa, mas acho que eles são racistas, homofóbicos e misóginos. Não tem nada a ver com a economia", comentou.

Por enquanto, Hillary Clinton conserva de todas as maneiras o apoio do eleitorado branco e lidera as pesquisas em Ohio e principalmente na Pensilvânia.

Mas isso poderia mudar se Trump conseguisse convencer um número maior de operários do que a ex-secretária de Estado.


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