O autor do tiroteio na sexta-feira em Munique, que deixou 9 mortos e 35 feridos, preparou seu ataque durante um ano, comprou sua arma pela internet, mas não escolheu suas vítimas de maneira específica, informou a polícia, que anunciou neste domingo a detenção de um amigo do atirador.
A polícia da capital da Bavária levantou neste domingo um pouco do véu de mistério sobre a maneira como David Ali Sonboly, de 18 anos e de dupla cidadania alemã e iraniana, era fascinado por matanças em massa e de como passou da teoria à ação.
A polícia alemã anunciou que deteve um menor de idade afegão que era amigo do autor do massacre em Munique perpetrado na última sexta-feira.
"Suspeitamos que este rapaz de 16 anos possa ter estado a par do ato que (o atirador) preparava", afirmou a polícia em comunicado.
O adolescente detido "se apresentou espontaneamente à polícia depois do ataque de loucura assassina e foi interrogado sobre seus vínculos com o autor", informou a polícia.
As verificações efetuadas "revelaram contradições em suas declarações" e levaram à sua detenção por "não denunciar um crime".
Os policiais acreditam que o atirador se viu influenciado em particular pela matança de Winnenden (sudoeste), em março de 2009, quando um jovem de 17 anos abriu fogo em seu ex-colega, matando 15 pessoas para depois suicidar-se.
Além do fascínio que sentia por Anders Behring Breivik, autor do massacre de 77 pessoas na Noruega - o tiroteio no shopping de Munique aconteceu exatamente no dia em que a chacina completava cinco anos -, a polícia considera o caso Winnenden foi determinante em sua decisão de virar assassino em massa.
"As primeiras observações levam à conclusão que se interessou por este ato, indo visitar a cidade e tirando fotos há um ano". "Em seguida, planejou seu próprio ato de matança", explicou o chefe da polícia, Robert Heimberger.
As imagens foram encontradas em uma câmera de David.
O Facebook, por sua vez, serviu a ele como uma armadilha para atrair suas vitimas, ao divulgar falsas ofertas na lanchonete McDonald's do shopping Olympia, local que escolheu para colocar sem plano em ação.
Para isso, o jovem criou um perfil falso na rede social em maio passado, depois de hackear fotos e dados de conta já existente, e postou uma mensagem oferecendo comida e bebida grátis.
Apesar disso, ainda não se sabe se as vítimas haviam respondido à oferta.
O jovem detido é suspeito de ter postado uma mensagem parecida na rede social chamando as pessoas para o cinema depois dos ataques. No entanto, a polícia investiga se isso foi uma brincadeira inadequada.
Segundo a investigação, o autor do tiroteio não visou de maneira específica suas vítimas.
"Não havia nada contra estrangeiros, ao contrário do que afirmaram", enfatizou o procurador da cidade, Thomas Steinkraus-Koch, desmentindo os meios de comunicação que destacaram a origem estrangeira das vítimas.
De acordo com o chefe de polícia, que a lanchonete McDonald's e o bairro onde teve lugar a tragédia são frequentados por estrangeiros ou alemães de origem migrante, lo que explica a presença de tantas vítimas estrangeiras.
Entre os mortos figuram um turco, dois alemães-turcos, dois alemães, um húngaro, um kosovar, um grego e um apátrida.
- Fobia social -
Filho de iranianos chegados à Alemanha como solicitantes de asilo no final dos anos 1990, David Ali Sonboly sofria transtornos psiquiátricos.
Em 2015, passou dois meses em uma clínica por causa de "fobia social" e crise de angústia.
Também foi constatado que sofria bullying por parte de outros jovens.
No total, foram encontradas 58 balas no local da matança. O assassino usou uma pistola Glock 17 comprada na "Darknet", a internet subterrânea, na qual transcorrem transações ilegais.
Outras 300 munições foram encontradas em sua mochila depois que se suicidou ao ver a polícia chegar para detê-lo, o que sugere que o balanço de vítimas poderia ter sido muito maior.
Esta tragédia faz aflorar um debate sobre a necessidade de um endurecimento da legislação em termos de armas na Alemanha.
"Devemos examinar com muito cuidado sempre, e quando for necessário, legislar", declarou o ministro De Maizière, na edição deste domingo do jornal Bild.
Por sua parte, o vice-chanceler Sigmar Gabriel pediu para que se faça todo o possível para "restringir o acesso às armas letais e controlá-las rigidamente".
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