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Estado de Minas

O cruel negócio do tráfico de animais silvestres no Peru


postado em 22/07/2016 12:55

Os pequenos papagaios são dopados e colocados em um caixote de fundo duplo para evitar que as autoridades os encontrem. Em geral, de cada dez exemplares, só um chega ao seu destino no exterior; o resto morre asfixiado. Assim funciona o cruel negócio do tráfico de animais no Peru.

Cerca de 20% dos 67.749 animais confiscados nos últimos 15 anos tinham como destino o exterior. As autoridades afirmam, porém, que não se sabe qual é o número total de animais comercializados ilegalmente.

O caminho que a máfia percorre começa na vasta Amazônia peruana e nas regiões andinas, onde capturam os animais. Estes são levados para os centros de armazenamento, a maioria em Lima. De lá, partem para a Europa, Estados Unidos, Canadá e Ásia - principalmente a China -, por ar, mar e terra.

"O tráfico internacional é uma máfia em rede, trabalha por pedidos para colocar as espécies como bichinhos de estimação, para pesquisa científica, para colecionadores, remédios, afrodisíacos e outros" fins, explicou à AFP Fabiola Muñoz, diretora do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre (Serfor) do Ministério da Agricultura.

"Este negócio ilícito de animais é o terceiro maior no mundo, atrás das drogas e das armas, segundo um relatório das Nações Unidas", afirmou a especialista.

Jiboias, iguanas, rãs e aves

Uma das formas de transportar os animais pelo aeroporto é em caixotes de fundo duplo. "Os escondem na parte de baixo do caixotes. Em sua maioria, são insetos, aves pequenas - que vão anestesiadas -, batráquios, tartarugas; e na parte de cima colocam roupas e outros objetos para camuflar o negócio", disse Muñoz.

Os traficantes usam o porta-malas dos carros as para passar os animais pelas fronteiras, aproveitando a falta de minuciosidade da polícia no controle.

"De cada dez animais capturados para exportação, um atinge o objetivo. O resto morre no caminho, essa é a realidade deste negócio sujo", advertiu Muñoz.

Em junho, em uma operação no porto de Callao (oeste de Lima), as autoridades peruanas confiscaram cerca de oito milhões de cavalos-marinhos que iam ser exportados para a Ásia, onde se crê que eles têm propriedades afrodisíacas. O valor dos animais era de 3,9 milhões de dólares.

No marco de uma estratégia para reduzir o tráfico ilegal de animais, o Peru identificou as principais zonas onde este é praticado. Estas estão situadas no norte e no leste do país, além da capital.

Um estudo da Wildlife Conservation Society, organização dedicada à proteção da vida silvestre, e do Serfor concluiu que 67.749 animais silvestres foram confiscados entre 2000 e 2015. O Serfor afirmou que entre 10% e 20% deles foram devolvidos ao seu habitat, outros morreram devido às terríveis condições em que foram encontrados e o resto foi acomodado em zoológicos.

Entre as espécies mais traficadas estão as jiboias, iguanas, lagartos, tartarugas, rã-do-titicaca, periquito-de-asa-branca, canário-da-terra-verdadeiro e uma variedade de papagaios e araras, macacos e borboletas. A ave símbolo do Peru, o galo-da-serra-andino, com sua chamativa cabeça vermelha, também é vítima dos traficantes.

Em 2009, o Peru se comprometeu ante organismos internacionais a conservar 54 milhões de hectares de florestas - de um total de 73 milhões - até 2021, e assim preservar sua flora e fauna.

Além de aumentar suas equipes de controle, as autoridades buscam endurecer as penas impostas aos traficantes. Desde 2008, este delito é condenado com até cinco anos de prisão, mas entre os casos processados a pena não ultrapassa quatro anos, e o réu fica em liberdade condicional.

Para especialistas, é necessário empreender uma campanha agressiva para que a população não compre animais exóticos ou silvestres, com informações nas escolas, e também preparar mais policiais neste setor.


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