Londres, 26 - A decisão de David Cameron de renunciar como primeiro-ministro do Reino Unido põe em movimento uma batalha pela liderança do Partido Conservador, atualmente no governo, e que também irá determinar o próximo ocupante do cargo de Cameron. Entre os possíveis candidatos estão o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, que liderou a campanha para a saída do país da União Europeia, e a Ministra para assuntos internos Theresa May, que ficou ao lado de Cameron em seu apoio à continuidade do Reino Unido no bloco.
O futuro econômico e político do Reino Unido, e também se o país continuará unido, vai direcionar a forma como os candidatos vão lidar com o fim da relação de 43 anos com a UE. Outro partido político importante do Reino Unido, o oposicionista Partido Trabalhista também enfrenta turbulência, já que alguns de seus legisladores pedem a renúncia do líder Jeremy Corbyn.
Depois da derrota no referendo da semana passada, Cameron disse que vai permanecer no cargo nos próximos três meses, e que o objetivo é escolher um novo líder durante a conferência anual do Partido Conservador em outubro. "Quem quer que seja, existem dois desafios reais", disse Richard Ottaway, um antigo político do partido conservador, que deixou o cargo de parlamentar no ano passado. "Uma delas é, obviamente, para liderar as negociações sobre a Europa, mas a segunda é a de unir o Partido Conservador. Ambas as questões representam desafios sérios."
O momento para a disputa pela liderança é definida pelo Comitê 1922, um grupo influente de todos os legisladores conservadores com posições secundárias no Parlamento, e que se reúne semanalmente. Graham Brady, presidente do órgão, disse que seu comitê executivo provavelmente vai fixar um calendário para a competição amanhã (27). A diretoria do partido, que é composto por membros e legisladores, pode ratificar o cronograma na terça-feira.
Johnson, no passado, falou do interesse em ser primeiro-ministro, mas se recusou a comentar sobre as ambições de liderança nos últimos meses.
Outro conservador proeminente na campanha para sair da UE foi secretário de Justiça Michael Gove. Gove e Johnson têm sido as escolhas mais populares de partidários conservadores nas sondagens recentes sobre potenciais futuros líderes conduzidas pelo site ConservativeHome.
Antes do referendo, Gove disse que não considerava a hipótese de disputar a eleição, caso o cargo ficasse vago. O jornal Sunday Times informou que Gove disse a Johnson, por telefone no sábado, que ele iria apoiá-lo para uma oferta liderança conservadora.
O processo de escolha de um novo líder conservador é duplo. Em primeiro lugar, os legisladores conservadores nomeiam os candidatos. Se houver mais de duas indicações, os legisladores conservadores realizam uma série de pleitos até que a lista seja reduzida a dois candidatos. Depois, o processo é aberto para votação dos 150 mil filiados. O processo pode levar cerca de dois meses para ser concluído. Fonte: Dow Jones Newswires..