A razão pela qual metade do povo britânico não escutou essa evidência clara está no fato de que eles têm uma conexão emocional muito pequena com a União Europeia. Para eles, esta é uma instituição remota e antidemocrática. Questões sobre nacionalidade e identidade nacional importam mais: quem governa o Reino Unido, e podemos "chutar os patifes" para fora, em eleições gerais? O sistema eleitoral britânico lhes permite fazerem isso. O sistema da União Europeia, não.
Veja o que ocorreu com os gregos, no ano passado. Eles elegera um governo que desejava pôr fim à austeridade. Ainda assim a UE interveio e disse que eles não poderiam fazer isso.
A maior preocupação no Reino Unido é com a imigração descontrolada. Desde a década de 1990, mais de 3 milhões de imigrantes vieram da UE para trabalhar no Reino Unido, fundamentalmente alterando o tecido social de nosso país. Enquanto pessoas mais jovens estão confortáveis com tais mudanças, os cidadãos mais velhos se mostram preocupados com o fato de o passo da mudança vir rápido demais. Eles sentem que a imigração descontrolada está levando a uma perda da identidade nacional britânica e que as elites políticas não têm escutado suas preocupações. Votar pela saída é visto por muitos como um protesto contra essas mudanças.
Mas, apesar de a imigração ser o bastante para assegurar um voto pela saída ("Brexit") no referendo, provavelmente não seria suficiente para garantir a vitória daqueles que desejam a saída do Reino Unido do bloco. A classe média indecisa, preocupada com suas economias e investimentos, foi quem provavelmente balançou o resultado no último minuto em favor da permanência no bloco. Quero que minha filha pequena viva em um país livre e que seja capaz de se governar.
Mark Stuart é professor da Faculdade de Ciências Sociais na Universidade de Nottingham (Reino Unido).