Os números divulgados pela Global Witness identificam o Brasil como o país mais perigoso para os defensores da ecologia, seguido por Filipinas (33 mortes em 2015), Colômbia (26), Peru (12) e Nicarágua (12).
"A violência se legitimou como uma parte normal da política. Informalmente se tornou 'aceitável'. Após 10 anos trabalhando na Amazônia, nunca vi uma situação tão ruim", afirma o ativista brasileiro Felipe Milanez, citado no documento.
O documento também denuncia as mortes de 10 ativistas na Guatemala, oito em Honduras e quatro no México, entre outros.
De acordo com a Global Witness, 67 ecologistas assassinados no ano passado pertenciam a comunidades indígenas, o que também representa o maior número da história.
"Cada vez há mais empresas que invadem a terra dos indígenas e silenciam os que se opõem a seus planos de extrair recursos minerais", adverte a ONG.
As indústrias de extração e mineração estão relacionadas com a maior parte dos assassinatos de 2015, com 42 casos (aumento de quase 70% desde 2014).
Muitas queixas contra a mineração dizem respeito à recusa das empresas a consultar as comunidades locais sobre projetos que afetariam suas terras e entorno.
"Um dos fatores subjacentes a todos os assassinatos foi a pressão sobre a propriedade, o controle ou o uso da terra. Muitas comunidades rurais se viram submetidas a uma violenta repressão por parte de proprietários de terras e empresas com mais poder que eles", completa o relatório.
As plantações agroindustriais em grande escala estão relacionadas com 20 casos, principalmente no Brasil e Filipinas, com sete mortes cada.
Outro fator ligado a 15 assassinatos foi o desmatamento, geralmente associado madeireiros ilegais que entraram em áreas protegidas ou territórios indígenas.
Medidas urgentes
"É provável que nossos dados sobre os assassinatos subestimem o problema, pois muitas mortes não são denunciadas, especialmente as de zonas remotas e isoladas", adverte a ONG.
Em alguns casos foi impossível compilar dados suficientes para verificar os fatos.
Os assassinatos refletem o risco mais extremo que enfrentam os defensores da terra e do meio ambiente, mas também foi observada uma tendência cada vez mais preocupante de criminalização de seu trabalho, em particular na África.
Segundo a Global Witness, os governos e as empresas estão usando medidas legais para atacar os ativistas e obstruir sua defesa legítima dos direitos sobre a terra e o meio ambiente.
O relatório exige medidas "urgentes e significativas" para acabar com a crescente onda de violência.
"Proteger os defensores da terra e do meio ambiente é vital, não apenas por uma questão de justiça e direitos humanos fundamentais, e sim por nossa sobrevivência coletiva", destaca o documento..