Com a Eurocopa na França, a Copa América nos Estados Unidos e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o ano de 2016 "vai deixar as marcas esportivas na moda", afirmam os analistas do setor, com Nike e Adidas dominando o mercado.
"Mesmo inconscientemente, você vai acabar usando mais roupas da Adidas, da Nike ou da Puma porque vai vê-las em eventos como a Eurocopa ou os Jogos", explica à AFP Renaud Vaschalde, da consultoria NPD Group.
"Todo mundo vai falar sobre futebol durante um mês, então mais pessoas vão querer praticar o esporte e mais equipamentos serão vendidos, beneficiando todos os atores do mercado", analisa Richard Teyssier, diretor da Puma na França.
"Estamos fazendo todo o possível para captar o máximo de atenção durante o evento para tirar o máximo de vantagem desse efeito de massa", enfatiza.
Apenas na França, país sede da Eurocopa, o mercado do futebol (camisas, chuteiras, entre outros equipamentos) movimentou 480 milhões de euros em 2015.
Espera-se uma arrecadação de 100 milhões de euros com a venda de camisas durante a Euro, "quase o dobro das vendas de todo o ano de 2015", prevê Vaschalde.
- Supremacia em jogo -
Os gigantes Nike e Adidas continuam dividindo a maior parte do bolo, com vantagem para a marca americana, que ostenta um faturamento global de 27 bilhões de euros, contra 17 da principal concorrente e 3 bi da Puma.
Levando em consideração apenas o futebol, porém, a Adidas lidera, com 37% do mercado em 2014, contra 29% da Nike e 7% da Puma, de acordo com a consultoria PR Marketing.
"Apesar da Nike estar à frente no que diz respeito às chuteiras, a Adidas é o líder global nos artigos de futebol graças às roupas e os demais equipamentos", relata à AFP Peter Rohlmann, diretor da PR Marketing.
Patrocinadora oficial da Uefa, a marca alemã ganha uma exposição extra com a bola oficial da Eurocopa, além de fornecer os uniformes de nove das 24 seleções do torneio, como a atual campeã mundial Alemanha ou a bicampeã europeia Espanha.
A Nike patrocina seis equipes da Euro, entre elas a anfitriã França, a Inglaterra e a seleção portuguesa de Cristiano Ronaldo. Já a Puma veste cinco seleções, com destaque para a Itália.
Na Copa América do Centenário, disputada nos Estados Unidos, a Nike, que está em casa, fornece a bola da competição, além dos uniformes do Brasil, do atual campeão Chile e da seleção anfitriã.
A Adidas patrocina cinco seleções (Argentina, Colômbia, México, Paraguai e Venezuela) e tem como principal embaixador Lionel Messi, cinco vezes melhor do mundo. A Puma, por sua vez, estampa os uniformes do Uruguai, recordista de títulos do torneio (15).
Os dois maiores craques do futebol mundial, Messi e Cristiano Ronaldo, têm o mesmo patrocinador que suas seleções, mas o mesmo não acontece com seus clubes. O Barcelona usa uniforme da Nike e o Real Madrid da Adidas.
- Migalhas para os pequenos -
Para tentar encontrar espaço entre os dois gigantes, a Puma tenta se destacar "por meio do design e da inovação tecnológica". O carro-chefe é a chuteira Tricks, "a mais leve do mercado, com uma cor diferente para cada pé, rosa de um lado e amarelo do outro, explica Teyssier.
"A Puma sempre foi inovadora no design.
Marcas pequenas como as italianas Errea ou Macron tentam entrar no mercado, ao patrocinar Islândia e Albânia, respectivamente, enquanto a tradicional Umbro, da Inglaterra, patrocina o Peru.
Já a americana New Balance, que fornece os uniformes da Costa Rica e do Panamá, marcou um golaço no mês passado, ao emplacar os dois finalistas da Liga Europa, Sevilla e Liverpool (vitória por 3 a 1 do time espanhol).
Mesmo assim, os analistas não acreditam que a hegemonia dos gigantes seja ameaçada tão cedo.
"O futebol é realmente um esporte que concentra as vendas em três marcas e o resto divide as migalhas", observa Vaschalde.
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