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Estado de Minas

Brasil oferece apoio para solucionar crise na Venezuela

Em nota assinada, o chanceler José Serra afirma estar pronto a ajudar na busca pelo entendimento e a amenizar sofrimento da população, inclusive com remédios


postado em 07/06/2016 10:20

Opositores exigem referendo revogatório, diante da sede do Conselho Nacional Eleitoral, em Caracas(foto: Ronaldo Schemidt/AFP)
Opositores exigem referendo revogatório, diante da sede do Conselho Nacional Eleitoral, em Caracas (foto: Ronaldo Schemidt/AFP)

Diante do agravamento da crise política e econômica na Venezuela, o Brasil adotou atitude proativa, em comparação com o governo Dilma Rousseff. Por meio de inédita nota assinada, o chanceler José Serra declarou que “apoia iniciativas construtivas que visem a promover um entendimento entre o atual governo venezuelano e a oposição”. “Temos acompanhado com apreensão os acontecimentos na Venezuela: a radicalização política, o aprofundamento da crise econômica e o contínuo agravamento da situação humanitária e dos direitos humanos, inclusive das prisões arbitrárias. Preocupa-nos o sofrimento do povo venezuelano devido ao desabastecimento alimentar, à superinflação e ao colapso da oferta de medicamentos”, afirma o comunicado, divulgado no mesmo dia em que a oposição saiu às ruas de Caracas para exigir o referendo revogatório do mandato do presidente, Nicolás Maduro.

Na nota, Serra lembra que, na condição de país vizinho, amigo e solidário da nação venezuelana, “o Brasil está pronto a contribuir na busca desse entendimento e a colaborar para o atendimento das carências mais críticas que afetam a população (da Venezuela)”. “Estamos dispostos a doar medicamentos básicos produzidos por nossos laboratórios públicos, entregando-os a organizações internacionais humanitárias que possam promover sua distribuição”, concluiu o ministro.

Vice-secretário executivo da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Ramón José Medina disse ao Correio que considera “sumamente importante” a declaração de Serra. “Ela significa uma mudança radical na política externa brasileira. Durante as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, o Brasil se comportou como aliado incondicional do regime chavista, não apenas pela coincidência ideológicas, mas também pelos grandes contratos firmados por empresários brasileiros”, explicou. Ele lembra que Lula e Dilma jamais receberam representantes da oposição venezuelana. “O apoio do Brasil à busca de acordos na Venezuela entre opositores e governo; a exigência ao cumprimento das normas constitucionais; o respeito à independência dos poderes; e a tomada e consciência da grave crise são bastante relevantes. Estou seguro de que o Brasil será de grande influência para que possamos transitar um caminho constitucional, pacífico e democrático”, acrescentou.

De acordo com Medina, a MUD vê com “muita complacência” uma possível intervenção do Brasil na busca por um entendimento na Venezuela. “A ajuda humanitária brasileira em alimentos e em medicamentos seria fundamental para o povo de meu país, que hoje sofre a maior crise humanitária de sua história republicana”, atesta. Ele defende que os partidos opositores exijam de Maduro a aceitação da ajuda oferecida pelo Brasil. Apesar de possuir as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela enfrenta escassez de 80% dos produtos básicos e encerrou 2015 com inflação de 180,9%.

A organização não-governamental Anistia Internacional alertou ontem que foram registradas na Venezuela “graves violações” aos direitos humanos pela falta de acesso da população a alimentos e a remédios.

Protesto
A MUD realizou ontem um protesto em frente a sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), na região leste de Caracas. O objetivo é pressionar o organismo para que apresse o referendo revogatório. Segundo a agência France-Presse, cerca de 400 pessoas carregaram cartazes e gritaram frases como “Revogatório já” e “A minha assinatura vale”. Durante a manifestação, o porta-voz da MUD, Jesús “Chuo” Torrealba, declarou que “a validação das assinaturas é um tema crucial”. “Sem isto, não é aberto o caminho do referendo”, lembrou.


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