Em 1945, Aleksandar Lebl, um sobrevivente do Holocausto retornou à Sérvia e recuperou a casa da família.
Mais de 70 anos depois de ter sido declarada "livre de judeus", a Sérvia aprovou uma lei em fevereiro para restituir à pequena comunidade judaica essas propriedades sem herdeiros. É um dos primeiros países do leste europeu a adotar tal medida.
Mais de 80% dos 33.000 judeus que viviam na Sérvia antes da Segunda Guerra Mundial foram exterminados até a primavera de 1942 e seus bens confiscados pelos nazistas ou pelo governo fantoche de Belgrado.
"Depois da guerra, as autoridades decidiram devolver as propriedades, mas com tantas vítimas não havia ninguém para recuperá-las", declarou à AFP Lebl, de 93 anos.
Hoje, os judeus residentes na Sérvia, um país de cerca de 7,1 milhões de pessoas, não chegam a 1.000.
A lei aprovada visa fazer justiça aos judeus que sobreviveram e resolver o problema da falta de herdeiros.
Milhares de propriedades, principalmente imobiliárias, serão entregues à Associação de comunidades judaicas no país, que planeja alugá-las em sua maioria.
"Nós identificamos 3.000 imóveis confiscados pelos alemães durante a guerra", indicou o presidente da Associação, Ruben Fuks.
Este não é um número final. É muito provável que aumente, sobretudo na província de Voivodina, onde viviam quase a metade dos judeus da Sérvia antes da guerra, acrescentou.
"A Sérvia tem uma obrigação moral com os judeus que dedicaram suas vidas e trabalho a este país", afirmou recentemente o ministro da Justiça, Nikola Selakovic.
Os judeus apoiaram a luta dos sérvios por sua independência no século XIX e lutaram junto a eles na Primeira Guerra Mundial.
Em 2009, 46 países assinaram a chamada declaração de Terezin, comprometendo-se a restituir os bens aos judeus.
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