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Estado de Minas

Peixe de Fukushima tem outro sabor


postado em 25/02/2016 15:01

Os peixes que Satoshi Nakano pesca com sua rede não têm mais o mesmo sabor. A vida era muito diferente antes da catástrofe de Fukushima, em 11 de março de 2011.

Em cinco anos Satoshi viveu momentos de dúvida, desconsolo e resignação. No final de 2013 a pesca foi retomada, mas em outro ritmo.

"A regulamentação estabelecida pelo Estado não nos proíbe tecnicamente de pescar (salvo a menos de 20 km da central); limita a distribuição. A questão é saber em que estado está o pescado da prefeitura de Fukushima", explica à AFP este responsável do sindicato de pesca de Onahama, a cerca de 50 km das instalações nucleares devastadas.

Ele e seus colegas zarpam duas vezes por semana para analisar cerca de 70 espécies de peixes. Só são vendidos os pescados que apresentam um nível de radioatividade quatro vezes menor do que a norma estabelecida pelas autoridades japonesas (100 becqueréis por quilograma).

Mas por mais que os pescadores e as autoridades façam para tranquilizar a população, a procedência de "Fukushima" se associa à "radioatividade".

Na época do desastre atômico causado por um terremoto e um enorme tsunami, cerca de 80% dos elementos radioativos descarregados pelo reator foram arrastados para o mar, de acordo com Shaun Burnie, um perito da organização ambientalista Greenpeace.

O Estado afirma que tudo está "sob controle". Baseia-se campanhas em campanhas de medições marinhas feitas pela empresa Tepco e pela Autoridade Reguladora Nuclear, de acordo com o protocolo aprovado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A situação não é uniforme, alerta Burnie. "A principal preocupação é o impacto em um raio de 20 km da costa, porque é onde está concentrada a maior quantidade de césio radioativo", explica o especialista a bordo do "Rainbow Warrior III", na costa de Fukushima.

A organização ambiental recolhe amostras do fundo do mar em uma dúzia de lugares fora da costa do nordeste, perto do centro. Esse material é analisado por dois laboratórios independentes, no Japão e na França.

"Tentamos compreender o que acontece aqui, neste meio costeiro muito próximo. É certo que os pescadores já não vêm até aqui, mas o entorno e suas vidas foram afetadas", afirma Burnie.

- Peixe mais controlado -

O Greeenpeace usa um submarino de controle remoto equipado com instrumentos que vão criar mapas tridimensionais da distribuição de radioatividade em Fukushima Daiichi.

"Algumas das áreas altamente contaminadas são muito pequenas, talvez um metro quadrado, mas outras medem centenas de metros de comprimento", detalha, acrescentando que isso explica por que certas espécies marinhas estão mais expostas à radiação.

"Esta é uma informação muito importante para os pescadores, porque há áreas de segurança onde você pode pescar e vender peixe com segurança, enquanto em outras não. A nossa busca permite localizar o problema", acrescenta Jan Vande Putte, também do Greenpeace, ao embarcar no pesqueiro que faz a coleta das amostras.

O outro problema é a água. O acidente "continua gerando dejetos nucleares, todos os dias água muito contaminada é despejada no mar. Constitui uma ameaça no longo prazo para o meio ambiente", alerta Burnie.

No entanto, Burnie reconhece que o programa de controle das pescas é "um dos mais avançados do mundo". "Eu gostaria que as pessoas tivessem uma imagem melhor do peixe de Fukushima, que um dia pensem que a nossa análise rigorosa transforma estes produtos nos mais seguros no mercado", conclui Nakano, com um sorriso.


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