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Estado de Minas

Orador deslumbrante, Obama dá reviravolta no teleprompter para marcar legado


postado em 14/01/2016 17:22

Na última década, o presidente Barack Obama se apoiou em uma oratória deslumbrante para avançar em suas políticas. Agora, em uma tentativa de dar forma às eleições de novembro e ao seu legado, deu uma reviravolta no teleprompter e vai usar menos a telinha.

"Ele quer falar menos para o povo e falar mais com o povo", explicou a diretora de Comunicação da Casa Branca, Jen Psaki, referindo-se à nova abordagem que será adotada pelo presidente em seu último ano no poder.

Certamente, haverá mais discursos e mais retórica elevada, mas Obama pretende fazer uso de mais conversas e reuniões em grupo para transmitir sua mensagem.

O ponto de partida é Louisiana, onde ele conversa diretamente com eleitores, nesta quinta-feira, a respeito de seu discurso sobre o Estado da União pronunciado na última terça, 12 de janeiro.

Envolver membros com frequência não simpatizantes e imprevisíveis da audiência é sempre um risco na política rigorosamente planejada que caracteriza os Estados Unidos.

É pouco provável que o Congresso controlado pelos republicanos permita que suas propostas sejam mais do que retórica. Além disso, as políticas presidenciais já não têm o mesmo peso executivo, a menos que sejam apoiadas por uma ameaça de ação unilateral.

A realidade política limita Obama e, ao mesmo tempo, os candidatos à presidência desviam a atenção para outros temas.

O risco de ser irrelevante

"O perigo para um presidente em seu último ano de presidência, com o Congresso controlado por outro partido, é que se torne irrelevante", opinou a professora de Comunicação Kathleen Hall Jamieson, da Universidade da Pensilvânia.

A Casa Branca quer manter Obama como figura relevante, mudando os termos do debate.

Jen Psaki mencionou um recente debate transmitido pela televisão sobre controle de armas como um exemplo do que está por vir.

"Ele (Obama) falou para um número de pessoas que tinham fortes divergências com ele, e isso é algo que ele nos disse que quer fazer mais", relatou a assessora.

"Ele sabe que ajudar a facilitar esse diálogo é um papel que pode cumprir como presidente", completou.

Ao descer do púlpito e se aproximar do público, Obama será capaz de enquadrar melhor o debate sobre controle de armas, ao apresentar novas linhas de argumentação de uma forma mais atraente, avalia Hall Jamieson.

"Acho que é importante retoricamente. Acho que mudou os termos do debate", avalia a acadêmica.

Se as próximas trocas forem igualmente atraentes, "ele receberá a cobertura informativa que destacará sua agenda", acrescentou a especialista.

"É uma forma de preparar o terreno para torná-lo mais acolhedor para um Congresso democrata e um presidente democrata", insistiu.

Arrependimento presidencial

Apesar de ser um tema muito discutido em meio a uma campanha eleitoral ultrapartidarizada, o debate sobre controle e posse de armas televisionado recentemente também se destacou por sua civilidade.

Isso dá à Casa Branca um contraste muito útil frente à grandiloquência do candidato republicano Donald Trump e também pode funcionar, para Obama, como uma última tentativa de cumprir sua promessa de campanha para atenuar o partidarismo.

"É um dos poucos remorsos da minha presidência que o rancor e a suspeita entre os partidos tenha piorado em vez de melhorar", disse Obama em seu discurso sobre o Estado da União na terça-feira, no Congresso, acompanhado por pelo menos 31 milhões de telespectadores.

"Não tenho dúvida de que um presidente com os dons de Lincoln, ou Roosevelt teria administrado melhor as diferenças", reconheceu.

Embora o objetivo não seja pôr fim à Guerra Civil, ou presidir uma onda de definições legislativas, Obama pode oferecer um modelo de debate, acredita a professora de Comunicação Kathryn Olson, da Universidade de Wisconsin-Milwaukee.

"Ele tem de conseguir que as pessoas falem. Isso será necessário - mas não suficiente - para qualquer mudança neste país", advertiu a acadêmica.

"Mostrar as pessoas falando entre si, incluindo ele ouvindo e falando com o povo, é importante, talvez seja sua melhor oportunidade de marcar a diferença", completou Kathryn.


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