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Estado de Minas

A impotência da Autoridade Palestina face ao desespero dos jovens


postado em 05/01/2016 16:37

Três meses após a onda de violência que fez temer uma terceira Intifada, a Autoridade Palestina não conseguiu satisfazer nenhuma das reivindicações de jovens sem perspectivas de futuro, nem angariar credibilidade política - é o que dizem os especialistas.

Os jovens tem pagado um preço alto desde o início do atual ciclo de violência, em 1º de outubro passado.

A grande maioria dos 140 palestinos mortos pelas balas das forças de segurança israelenses têm menos de 35 anos.

"Os jovens não têm nenhum horizonte político e sofrem com a crise econômica e o desemprego", explica à AFP Ghassan Khatib, vice-presidente da universidade palestina de Bir Zeit.

"Os líderes políticos são incapazes de satisfazer as demandas políticas e econômicas" de uma geração que cresceu com os acordos de Oslo, assinados há 22 anos, a continuação da colonização israelense e as divisões palestinas.

A Autoridade Palestina, instalada pelos acordos de Oslo à espera de um futuro estado palestino, cada vez mais distante, continua - mas cada vez pior.

A Autoridade depende da ajuda internacional e é "fraca politicamente devido à falta de eleições", agrega Khatib.

Os Territórios Palestinos não realizam eleições há 10 anos devido às divisões entre as diferentes tendências, sobretudo com o Hamas, que tem o poder na Faixa de Gaza.

A política palestina "está num beco sem saída e é incapaz de se renovar", opina Khatib, ex-ministro e analista político.

Surpreendida pela mobilização juvenil, a Autoridade Palestina deixou num primeiro momento que a multidão se manifestasse diante dos postos de controle militares israelenses.

Mas após "a visita do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, a segurança palestina proibiu nossas manifestações", conta Seif al-Islam Daghlas, do conselho estudantil de Bir Zeit.

No entanto, em troca da desmobilização, a Autoridade não recebeu nada da comunidade internacional, mais preocupada com o Estado Islâmico (EI) ou com a onda de imigração para a Europa.

Em 1993 os acordos de Oslo colocaram um termo à primeira Intifada (levante, em árabe) e, 12 anos depois, a segunda Intifada culminou em novas negociações.

Desta vez, o derramamento de sangue não voltou a acompanhar um processo de paz.

Para alguns, o que é necessário agora é um choque, como a dissolução ou colapso da Autoridade Palestina.

"Devemos impedir a queda da Autoridade Palestina na medida do possível, mas devemos nos preparar para essa eventualidade", disse na última segunda-feira o premiê israelense Benjamin Netanyahu, segundo o jornal Haaretz.

A Autoridade "é apenas uma prefeitura que leva serviços, tornou-se algo inútil", afirma categórico Mohammed Chtayyeh, líder do Al-Fatah, o partido do presidente palestino Mahmud Abbas.

Se Israel empurrar a Autoridade para o fundo do poço com cada vez mais restrições, "não deixaremos cair uma lágrima", disse.

"No final das contas, o verdadeiro chefe da Cisjordânia é o governo militar israelense", argumenta Chtayyeh.

Os acordos de Oslo dividiram os territórios palestinos em três zonas. A Autoridade Palestina só controla a zona A, apenas 17% da Cisjordânia.

Khatib considera que a ocupação israelense é o principal problema, mas também reconhece questões internas.

"A credibilidade da Autoridade está em jogo" já que apostou na ação diplomática e nas negociações, mas "essa estratégia fracassou".

Mais e mais vozes chamam para a luta armada novamente. Segundo uma pesquisa recente, dois palestinos em cada três pensam que a ação violenta dará mais créditos à causa palestina que as negociações destes últimos 25 anos, aponta Khalil Chikaki, responsável pela pesquisa de opinião.

Os defensores da escalada da violência terão pelo caminho a Autoridade Palestina, mas apenas nos territórios que controla.

Nos territórios sob autoridade israelense, as manifestações continuam e um incidente ligado à repressão pode se transformar numa nova insurreição armada, considerou.


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