Jornal Estado de Minas

Filme sobre Lance Armstrong denuncia sistema de doping no ciclismo

Dez anos depois da última das suas sete vitórias na Volta da França manchadas pelo doping, Lance Armstrong volta aos holofotes com o lançamento do filme "The Program", do diretor britânico Stephen Frears, neste domingo, no Festival de Toronto.

O longa, baseado na história real do atleta, é a adaptação de um livro do jornalista irlandês David Walsh, do Sunday Times, que contribuiu para a queda do ciclista americano na desgraça.

A primeira cena mostra o título mundial conquistado em 1993, para a surpresa de todos, e o filme termina com as confissões de Lance à apresentadora Oprah Winfrey, vinte anos depois.

Entre esses dois momentos-chave, o filme acompanha a trajetória de um homem que venceu o câncer e virou símbolo de superação com suas vitórias.

Por trás do brilho da camisa amarela na Volta da França, Frears também mostra a articulação de sistema de doping que possibilitou a ascensão do atleta, junto com fortes ações de marketing.

O longa encena de forma convincente o ambiente pesado no pelotão nas décadas de 90 e 2000, quando EPO, hormônios de crescimento e transfusões de sangue eram usadas para melhorar o desempenho de boa parte dos cicilistas.

Além de Armstrong, encarnado pelo americano Ben Foster, é possível ver na telona as pessoas que levaram Lance a se dopar, o diretor esportivo Johan Bruynel e o médico italiano Michele Ferrari (Guillaume Canet).

Foster interpreta com maestria o ciclista frio, calculista e autoritário, também capaz de se emocionar, como quando visita crianças com câncer.

O filme também dá muita importância à personagem de Floyd Landis, ex-companheiro de equipe de Armstrong, cujas revelações foram decisivas para reunir provas de que o campeão trapaceou.

Frears insiste na oposição de estilos entre o austero Landis, menonita que cresceu numa fazenda na Pennsyvânia, e Armstrong, que já namorou a cantora Cheryl Crow e é amigo pessoal do ex-presidente George W. Bush".

"Dar a Floys Landis a imagem de um heroí simpático se explica pela sua importância no processo que leva a queda de Armstrong", explica David Walsh.

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